Casos de dengue no ano têm maior patamar desde 2015 e provocam alerta

Por Nayara Batschke - EFE
19 de septiembre de 2019 11:15 AM Actualizado: 19 de septiembre de 2019 11:15 AM

São Paulo, 19 set (EFE)- O verão ainda não chegou, mas o Brasil já está em alerta contra a dengue e o mosquito Aedes aegypti, seu transmissor, pois foram registrados neste ano quase 1,5 milhão de casos, o maior patamar desde 2015, segundo dados oficiais.

Embora a doença seja endêmica no Brasil e os picos sejam comuns a cada dois ou três anos, o expressivo aumento de registros antes mesmo da chegada da primavera – que começa no próximo dia 23 – e da temporada de chuvas vem provocando preocupação na comunidade médica e científica do país.

Segundo dados do Ministério da Saúde, pelo menos 591 pessoas morreram devido à doença de 30 de dezembro de 2018 a 24 de agosto deste ano, e outras 486 mortes suspeitas de terem a dengue como causa estão sob investigação. Neste período foram registrados mais de 1,4 milhão de casos de dengue, um crescimento de 600% em relação ao mesmo período de 2018 (que foi de 205.791). Foi o maior índice desde 2015, quando houve 1,6 milhão de casos de janeiro a dezembro.

Apesar de a dengue ser considerada uma doença cíclica, a preocupação entre médicos, agentes de saúde e autoridades é que o período mais quente e úmido do ano ainda não começou.

«A temporada de chuvas ainda não chegou. É quando os casos se multiplicam. Nós ainda estamos no inverno – um bastante seco, inclusive. Não deveríamos ter esse pico da dengue agora, esses números estão fora da curva», afirmou o médico Thiago Henrique dos Santos, mestre em Saúde Pública pela USP.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece que uma situação é considerada epidemia a partir de 300 casos para cada 100 mil habitantes. Atualmente, a taxa de incidência da doença no Brasil é de 690,4 casos a cada 100 mil pessoas, segundo o Ministério da Saúde.

Foto de mosquitos Aedes aegypti infectados com uma bactéria que os impede de espalhar dengue, zika e chikungunya, antes de serem libertados na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, Brasil, em 29 de agosto de 2017 (Foto APU GOMES / AFP / Getty Images)

Santos criticou o que classificou como desmonte das políticas públicas de prevenção da doença.

«O governo está correndo atrás do prejuízo», disse o médico, que lamentou os cortes drásticos para o setor de saúde pública, que vem acontecendo desde 2016.

Essa redução, segundo Santos, impactou de maneira significativa os recursos das equipes de saúde ambiental que atuam em todo o país no combate à dengue e que dão orientação aos moradores sobre as melhores estratégias de prevenção da doença.

O médico e pesquisador Alexander Precioso, diretor da Divisão de Ensaios Clínicos e Farmacovigilância do Instituto Butantan, também vê os orçamentos cada vez menores como uma preocupação para todos que trabalham com pesquisa no país.

O especialista, no entanto, afirmou que, no campo da dengue, os recursos estão em uma «situação bastante satisfatória».

Precioso é um dos pesquisadores responsáveis pelo desenvolvimento de uma vacina de dose única contra os 4 tipos da doença. Ele aponta que mesmo que a fórmula tenha proteção confirmada, dificilmente acabará sozinha com a doença, e por isso o país não pode abandonar as outras ações.

«A luta contra a dengue é uma batalha eterna. É uma luta que depende de políticas públicas de saúde, de ações governamentais, mas também da participação ativa da população», garantiu.

Com isso, as visitas casa a casa e a orientação aos moradores de áreas de risco continuam sendo a maneira mais eficaz de combate aos criadouros do mosquito, permitindo, assim, que seja interrompido o contágio da população urbana.

«O período para que uma larva se transforme em mosquito é de apenas uma semana. É um ciclo muito rápido, constante e a partir do momento que as pessoas esquecem os recipientes cheios de água, os casos de dengue voltam a disparar», declarou à Efe a agente de endemias do município de São Paulo, Dulcineia Prates.

Porém, a maior cidade do Brasil é considerada uma «bolha» que constrasta com os números nacionais: enquanto em todo o estado de São Paulo o coeficiente de incidência alcançou a marca de 959,7 casos por 100 mil habitantes, na capital paulista a taxa se situa em 138 casos a cada 100 mil pessoas, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde.

A coordenadora do Departamento Municipal de Vigilância em Saúde de São Paulo, Solange Saboia, contou que estão sendo preparadas atividades ampliadas de combate ao mosquito nos meses que antecedem o verão, devido à situação alarmante deste ano.

«Temos bastante preocupação em relação à chegada do calor e das chuvas e, por isso, estamos antecipando várias das estratégicas de intensificação», explicou.

Por sua vez, a agente de endemias Marlene Ferreira, que há 18 anos faz visitas residenciais, lembrou que, para uma prevenção efetiva, é necessário um esforço coletivo, constante, maciço e metódico.

«Logo chega a temporada de chuvas, e qualquer respingo de água nos vasos de planta ou tigelas de animais já é suficiente para que o mosquito venha, coloque seus ovinhos, e a gente tenha um novo surto de dengue», alertou.

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