Golpe na Assembleia objetiva entregar petróleo venezuelano a aliados de Maduro

"Os russos estão assumindo o controle da indústria petrolífera venezuelana, especialmente com as exportações, e eles também controlam os dois principais campos de gás e administram ações em diferentes refinarias da Venezuela"

Por Sabrina Martín, PanAm Post
10 de enero de 2020 2:42 PM Actualizado: 10 de enero de 2020 2:42 PM

Após o golpe realizado contra o governo legítimo de Juan Guaidó e a Assembleia Nacional da Venezuela, a ditadura de Nicolás Maduro busca realizar mudanças nos contratos de petróleo a serem aprovados pelo chavismo em um parlamento usurpador.

Reportagem da agência de notícias Reuters revelou que o chavista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) espera que os deputados que se venderam à ditadura de Maduro e que anteriormente disseram que eram «de oposição», aprovem mudanças na propriedade de alguns ativos petrolíferos estatais.

Maduro parece querer disfarçar com a legalidade os novos investimentos de países aliados como a Rússia, que viram a legítima Assembleia Nacional da Venezuela como um obstáculo à apropriação de maiores ativos no país sul-americano.

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A Reuters explica que «a mudança permitirá o estabelecimento de um esquema no qual os investidores que possuem os títulos não pagos da Venezuela possam trocá-los por participações em propriedades nos campos e recuperar a dívida que possuem na produção de petróleo», disse o vice-presidente da Comissão de Finanças da Assembleia Nacional, Angel Alvarado.

A lei venezuelana exige que a Assembleia Nacional aprove qualquer alteração na estrutura acionária de companhias de petróleo com empresas privadas. A oposição, que tem maioria, se opõe a reformas econômicas que podem ajudar Maduro a manter o poder.

«Parra foi colocado lá para tentar aprovar esses acordos de petróleo», disse o deputado da oposição José Guerra, que também faz parte da comissão de finanças.

É preciso lembrar que, em 5 de janeiro, oficiais da Guarda Nacional Venezuelana impediram a entrada de Juan Guaidó, presidente interino, e de deputados da oposição, que estavam se preparando para eleger o novo conselho de diretores da Assembleia Nacional. Os oficiais militares apenas permitiram a entrada de chavistas e de alguns parlamentares da oposição, incluindo aqueles que venderam suas consciências à ditadura de Nicolás Maduro para usurpar o posto de Guaidó e jurarem uma nova diretiva presidida pelo agora chavista Luis Parra.

A Rússia, até agora, é o único governo que expressou seu reconhecimento ao ilegítimo e usurpador Parra, enquanto a União Europeia, o Grupo de Lima, a OEA e até o México e a Argentina condenaram a tentativa de golpe.

Não é de surpreender que, após a criação de uma suposta Assembleia paralela, o chavismo queira se beneficiar da tirania, já que em dezembro de 2019 uma matéria da BBC Mundo revelou que fontes do setor de petróleo da Venezuela estão apostando que Maduro tentaria “promover uma mudança na a Lei de Hidrocarbonetos, que permite que empresas estrangeiras que colaboram com a PDVSA explorem os campos de petróleo”.

José Ignacio Hernández, promotor especial nomeado por Juan Guaidó, condenou essa possibilidade e disse que «todos os contratos de petróleo supostamente aprovados pelos invasores de Maduro serão anulados».

Em 6 de dezembro, a agência de notícias Reuters também revelou que o regime e a oposição «planejam entregar a operação dos campos de petróleo aos sócios da PDVSA». Entende-se agora que a «oposição» mencionada na reportagem supostamente envolve os deputados que venderam suas consciências para jogar a favor da tirania no Parlamento.

Rússia por trás do golpe

Putin e Maduro podem estar procurando «meios legais» para controlar a PDVSA através da estatal russa Rosneft sem que isso seja considerado como privatização, uma vez que é necessária a aprovação da Assembleia Nacional da Venezuela.

Na semana passada, em entrevista à agência Bloomberg, o vice-ministro das Finanças da Rússia, Sergey Storchak, disse que a situação na Venezuela «começaria a mudar em meados de janeiro». Naquela entrevista, o vice-ministro apontou Guaidó como um obstáculo aos planos de Moscou. “Os funcionários de Caracas relutaram em implementar mudanças sem o apoio da legislatura chefiada por Guaidó. Se isso não for renovado, a Rússia intensificará os esforços para ajudar as autoridades de Maduro a enfrentar a crise econômica.”

Francisco Monaldi, pesquisador do Instituto Baker da Universidade de Raleigth, disse ao PanAm Post que, embora não se saiba se a Rússia está disposta a fazer investimentos milionários na PDVSA, o regime de Putin fez uma «jogada genial» para se beneficiar sob qualquer ponto de vista em meio a uma crise sem precedentes na Venezuela:

Os russos estão assumindo o controle da indústria petrolífera venezuelana, especialmente com as exportações, e eles também controlam os dois principais campos de gás e administram ações em diferentes refinarias da Venezuela.

“Os russos assumiram o setor de petróleo para cobrar suas dívidas e também estão na melhor posição quando se trata de uma transição política na Venezuela. Eles fizeram uma grande jogada, no cenário em que Maduro permaneça, a Rússia seria a «dona» do setor de petróleo venezuelano e, caso outro presidente chegasse, ele teria a opção de vender todos os seus ativos e ganharia muito dinheiro; de qualquer forma, eles fizeram uma grande jogada”, disse Monaldi.

Este artigo foi publicado originalmente por PanAm Post

O conteúdo desta matéria é de responsabilidade do autor e não representa necessariamente a opinião do Epoch Times

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