Milícias xiitas do Iraque mostram força em funeral de mortos em ação dos EUA

Por Shaalan al Yaburi - efe
04 de Enero de 2020 9:23 PM Actualizado: 04 de Enero de 2020 9:23 PM

Bagdá, 4 jan – As Forças de Mobilização Popular (PMF), grupo que reúne milícias xiitas apoiadas pelo Irã no Iraque, mostraram força neste sábado durante o funeral dos oito mortos pelo ataque dos Estados Unidos perto do aeroporto de Bagdá, entre eles o general Qasem Soleimani, comandante da Força Quds, divisão de elite da Guarda Revolucionária iraniana.

Milhares de pessoas acompanharam a marcha fúnebre pelas ruas de Bagdá. O caixão de Soleimani, que será enterrado no Irã, estava envolvido na bandeira de seu país. Já os das demais vítimas do ataque, entre eles Abu Mahdi al Muhandis, vice-presidente da PMF, traziam as bandeiras do Iraque.

TENSÃO PERTO DA EMBAIXADA DOS EUA

A homenagem aos mortos começou na região de Al Jadriya. Em meio a um forte esquema de segurança, parte das milhares de pessoas e dos integrantes das milícias xiitas que acompanhavam os carros fúnebres tentaram se aproximar da embaixada dos EUA em Bagdá quando a marcha passou pela zona verde, região que abriga as representações diplomáticas de vários países e prédios do governo do Iraque.

Soldados iraquianos e policiais que acompanhavam o funeral impediram o avanço do público, que era reforçado com a presença do Adel Abdelmahdi, que recentemente renunciou ao cargo de primeiro-ministro do Iraque, e outras importantes figuras políticas.

Helicópteros militares sobrevoavam a marcha, enquanto simpatizantes e integrantes das milícias xiitas balançavam bandeiras do Iraque e das diferentes facções que representam, várias delas apoiadas pelo Irã, além de cartazes com fotos de algumas dos “mártires” mortos pelo bombardeio ordenado por Donald Trump.

Palavras de ordem contra os Estados Unidos, Israel e a Arábia Saudita davam o tom de revolta com o ataque de ontem. Muitos pediam vingança e que o parlamento do Iraque vote uma moção, que será analisada na próxima semana, para expulsar as tropas americanas do país.

DESPEDIDA DOS “HERÓIS’

O taxista Abdel al Mayahi, que vive no populoso bairro de Sadr City, disse em entrevista à Agência Efe que foi ao funeral para homenagear os integrantes das PMF mortos no ataque. Para o condutor, eles são “heróis” por terem participado da luta que libertou o Iraque das mãos do grupo terrorista Estado Islâmico.

As milícias iraquianas tiveram um papel de destaque na luta contra os extremistas, junto com membros do Exército do Irã. Ambos tinham apoio e assessoria de militares americanos enviados ao Iraque como parte da coalizão internacional para combater o Estado Islâmico.

“Participar do funeral é o mínimo que podíamos fazer pelos mártires”, disse Al Mahayi, que pediu que o governo do Iraque expulse os soldados americanos do país.

Já Salem Husein Mahoud, um empregado do governo, disse à Efe que não conseguiu conter as lágrimas quando viu os corpos dos oito mortos.

“São heróis pelos grandes sacrifícios que fizeram. Nós, como muçulmanos, acreditamos que quem seja assassinado na sexta e pelas mãos dos inimigos são mártires que vão para o paraíso”, afirmou.

ENTERRO

Depois da passagem pelas ruas de Bagdá, os corpos de Soleimani e dos integrantes das PMF mortos no ataque passaram por Kerbala e chegaram a Al Nayaf, ambas cidades situadas ao sul da capital e consideradas sagradas pelos xiitas.

Al Nayaf foi palco de uma cerimônia fúnebre que contou com a presença de autoridades religiosas xiitas. Os membros das PMF serão enterrados na cidade, enquanto o corpo de Soleimani será levado ao Irã, onde o governo do país prepara uma grande homenagem.

As principais figuras políticas do Iraque se mantiveram em silêncio hoje depois de terem condenado duramente o ataque americano de ontem. Abdelmahdi, que ainda exerce as funções de premiê apesar da renúncia, só publicou um breve comunicado no qual decretou três dias de luto em todo o país.

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