Relatora da CPMI das Fake News participa de evento com o maior propagador de notícias falsas sobre Marielle Franco

Por terça livre
10 de diciembre de 2019 8:28 PM Actualizado: 10 de diciembre de 2019 8:28 PM

Luciano Henrique Ayan se juntou ao Redes Cordiais para ajudar na “construção de uma internet menos poluída”, de acordo com publicação do movimento nas redes sociais.

Em site oficial, o Redes Cordiais descreve-se como um movimento que “inova e sai da bolha, engajando comunicadores digitais no tripé: combate à desinformação; comunicação não-violenta e social media literacy”.

O nome de Ayan (um pseudônimo para Carlos Augusto de Moraes Afonso), ganhou notoriedade quando, em março de 2018 seu site, “Ceticismo Político”, publicara uma notícia que vinculava a ex-vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, ao crime organizado.

Após ser compartilhada nas redes sociais do Movimento Brasil Livre (MBL), a matéria de Ayan ganhou tremenda repercussão na internet. À época, a Polícia Civil abriu inquérito para responsabilizar criminalmente quem propagou os boatos. Como o nome de perfil usado por Carlos Afonso era falso, o Ceticismo Político chegou a ser retirado do ar.

A partir disso, o pseudônimo Luciano Ayan, resolveu revelar sua verdadeira identidade, conforme noticiou o R7 na ocasião. Na mesma matéria, o portal também ressaltou que Carlos Afonso era sócio de um dirigente do MBL.

Já neste ano (2019), em novembro, um dos ex-colaboradores do MBL, Roger Roberto Dias Andre, conhecido como “Roger Scar”, que era editor-chefe do blog Jornalivre, disse que o movimento supostamente orientava ataques na internet e envolveu o nome de Ayan como quem dava a “ordem do dia” sobre quem atacar. A informação foi divulgada pelo UOL:

“Quando o MBL tretava com alguém, por exemplo, o (deputado federal) Rodrigo Maia (DEM-RJ), o Ayan chegava com ‘a ordem do dia’. Naquele dia, ele queria que a gente buscasse qualquer coisa útil para publicar contra o Rodrigo Maia, e não precisava ser nada comprovado. Aí, passava algum tempo, às vezes eram dias ou apenas horas, e o MBL fazia as pazes com o Maia. Então, ele pedia para cessar os ataques”.

Agora, Ayan faz parte de um movimento que luta para que a internet seja um ambiente, digamos, “mais agradável”. O mais curioso é que no mesmo evento, participou a relatora da CPMI das Fake News, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA).

A mesma senadora já apresentou requerimento pedindo a participação de Ayan na CPMI:

Nesta terça-feira (10) a deputada federal Caroline De Toni, durante oitiva de Paulo Marinho na comissão, comentou sobre a participação da relatora no evento do Redes Cordiais, que aconteceu no último dia 5 de dezembro:

“Sabe quem estava [no evento]? um dos convocados pela própria relatora, que é o chamado Carlos Afonso, conhecido como Luciano Ayan. Ela mesma convocou ele [para a comissão] dizendo que ele teria feito fake news com relação à vereadora do Psol [Marielle] e agora participa de eventos sobre fake news com o convocado”, enfatizou ao cobrar de Lídice imparcialidade.

Em resposta, Lídice disse que foi “surpreendida” pela fala de De Toni e afirmou que mesmo com a divulgação dos principais “influenciadores” participantes do evento, ela não se negou a comparecer. “Principalmente porque não costumo deixar de ir a um lugar só porque tem alguém que eu não goste”, afirmou.

A relatora da CPMI das Fake News ainda disse nunca ter visto Ayan pessoalmente e frisou que ele se disse “arrependido de ter participado de ações nas redes, consideradas agressivas às pessoas” e que disse ser “alguém que se afasta do movimento de extrema direita para virar uma pessoa do ‘centro’”.

Além de Lídice da Mata, também foi citada pelo Redes Cordiais a presença da deputada federal pelo PSOL, Sâmia Bonfim, do Senador Randolfe Rodrigues (REDE), do deputado federal Glauber Braga (PSOL), deputado federal Alessandro Molon (PSB) e deputado federal Paulo Ganime (NOVO).

CPMI

Instaurada após requerimento do deputado Alexandre Leite (DEM-SP), a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito é presidida pelo senador Ângelo Coronel (PSD-BA) e relatada pela senadora Lídice da Mata (PSB-BA), e, segundo consta do requerimento, busca, supostamente, “investigar ataques cibernéticos que atentam contra a democracia e o debate público; a utilização de perfis falsos para influenciar os resultados das eleições de 2018; a prática de cyberbullying sobre os usuários mais vulneráveis da rede de computadores, bem como sobre agentes públicos; e o aliciamento e orientação de crianças para o cometimento de crimes de ódio e suicídio” (texto da ementa do requerimento).

No entanto, tudo o que se viu nos trabalhos da CPMI, até agora, foi um show de horrores em que a vítima não é outra senão a liberdade de expressão do cidadão comum, cuja única forma de participação do debate político é por meio das redes sociais, notadamente o WhatsApp, o Facebook e o Twitter.

Cómo puede usted ayudarnos a seguir informando

¿Por qué necesitamos su ayuda para financiar nuestra cobertura informativa en Estados Unidos y en todo el mundo? Porque somos una organización de noticias independiente, libre de la influencia de cualquier gobierno, corporación o partido político. Desde el día que empezamos, hemos enfrentado presiones para silenciarnos, sobre todo del Partido Comunista Chino. Pero no nos doblegaremos. Dependemos de su generosa contribución para seguir ejerciendo un periodismo tradicional. Juntos, podemos seguir difundiendo la verdad.