Crimes entre venezuelanos que migraram para o Peru geram reações de xenofobia

Por ANASTASIA GUBIN
01 de octubre de 2019 9:30 PM Actualizado: 01 de octubre de 2019 10:03 PM

«O governo do Peru rejeita fortemente as acusações infundadas sobre atos de xenofobia supostamente executados ou tolerados pelo Estado peruano», informou o governo do Peru em 29 de setembro ao se referir às críticas desencadeadas por um vídeo em que um grupo de pessoas uniformizadas é distribuído jornais e anunciando medidas para fechar a fronteira e que não passe » nem mesmo um venezuelano miserável».

O governo, por sua vez, destacou o fato de que são pessoas que «fugiram da ditadura de Maduro e das condições desumanas que ele gerou» e disseram que «condena sem exceção qualquer forma de xenofobia».

Em outro vídeo que causou polêmica, transmitido pela NTN24 Venezuela, crianças em idade pré-escolar são vistas respondendo à perguntas sobre o que os venezuelanos fazem com elas. «Eles nos matam», disse uma delas. «Eles roubam», disse outra. Quando uma voz adulta feminina pergunta «quem lhes disse que os venezuelanos são maus?», eles respondem «o professor».

No entanto, a polícia peruana se prontifidou a ajudar um jovem venezuelano que estava a ponto de se suicidar. «Ajudar aqueles que precisam não é apenas parte de nosso dever, mas também de nossa satisfação», escreveram as autoridades quando divulgaram imagens do resgate.

Os vídeos da xenofobia foram precedidos por inúmeros casos de delinquência e criminalidade, que impactaram a sociedade. Um venezuelano de apenas 15 anos de idade confessou em 8 de setembro que havia esquartejado dois jovens em um albergue chamado Señor de Sipán, em San Martín de Porres, matando o peruano  Jafet Torrico Jara e o venezuelano Rubén Matamoros Delgado, informou o Peru21.

A polícia disse que quando ele foi capturado, o assassino revelou «com sangue frio total» como ele prendeu as vítimas.

Nesse duplo crime, o jovem Montoya Araujo, também conhecido como ‘Roxy’, que tinha um mandado de prisão internacional pelo assassinato de uma mulher na Venezuela, também foi preso, informou a NTN24.

O presidente venezuelano Juan Guaidó, enquanto percorria um bairro de Caracas no domingo, disse que nem todos os peruanos são xenófobos ou que todos os venezuelanos que vivem no Peru são criminosos, segundo a Reuters.

Então ele escreveu em seu Twitter: “Não vamos generalizar. Sabemos que o Peru é um país que apoiou e respaldou a luta da Venezuela, mas também devemos tomar medidas corretivas e urgentes para evitar ataques a cidadãos venezuelanos”.

Segundo o relatório do Instituto Penitenciário Nacional (INPE), em 2018 as prisões peruanas tinham 50 venezuelanos atrás das grades, a maioria homens. Por outro lado, em abril de 2019, segundo um novo relatório do INPE divulgado pela Agência Andina, havia 335, dos quais 44% foram presos por roubo agravado, crime cometido com arma e violência e punido com pena de até 20 anos.

Os outros 40 presos foram presos por tráfico de drogas e 18 por tráfico ilegal de armas.

Um homem e uma mulher de nacionalidade venezuelana foram presos por agentes antinarcóticos do Aeroporto Internacional de Barranquilla Ernesto Cortissoz, depois de detectarem 57 fragmentos de cocaína no estômago do casal, informou o Notiacial Día em 26 de setembro.

Para o antropólogo Raúl Castro, a imagem do venezuelano foi generalizada com casos daqueles que realmente cometem crimes», e o papel da mídia é transcendental nesse sentido», disse ele ao El Comercio em julho. “Antes estava ligado à migração da Venezuela com possíveis impactos no local de trabalho, mas agora está relacionado ao crime. Isso também tem a ver com a estigmatização e o discurso proposto pela mídia».

Pesquisas publicadas pelo El Comercio indicam que apenas 23% dos peruanos vêem de maneira positiva a migração em massa de venezuelanos.

“Estou conversando com os venezuelanos”, disse o ministro do Interior peruano Carlos Moran, de acordo com o Report Ya, em 27 de setembro, “aqueles que respeitam nossas leis são bem-vindos. Aqueles que geram desordem social, não são. É melhor você deixar o país porque você será preso e expulso».

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