Ditadores socialistas convocam reascensão da esquerda na América Latina

Por Lorena Cantó - EFE
04 de noviembre de 2019 2:50 PM Actualizado: 04 de noviembre de 2019 2:50 PM

Havana, 3 nov – Os ditadores de Cuba, Miguel Díaz-Canel e Venezuela, Nicolás Maduro, convocaram neste domingo a esquerda latino-americana para enfrentar de forma unida o imperialismo, aproveitando o enfraquecimento da direita na região e o retorno dos governos progressistas à Argentina e ao México.

Ambos discursaram no encerramento do «Encontro Anti-imperialista de Solidariedade, pela Democracia e contra o Neoliberalismo», que começou na sexta-feira, em Havana, com a participação de cerca de 1.200 representantes de organizações sociais e partidos políticos de esquerda de diversos países.

Maduro, cuja presença em Cuba não havia sido anunciada, disse em discurso que «uma nova situação geopolítica começa a tomar forma na região», uma «nova onda anti-neoliberal que terá espaço no futuro».

Na opinião do governante venezuelano, a «frente progressista» formada pelo governo mexicano, com Andrés Manuel López Obrador, e o futuro governo da Argentina após a vitória do peronista Alberto Fernández desempenharão «um papel fundamental» nos próximos anos na articulação da América Latina.

Além disso, acrescentou a «frente do povo na rua», em referência aos recentes protestos populares no Chile, no Equador e no Peru, onde, segundo Maduro, a população «abrirá o caminho».

LIVRAR-SE DA CULPA

«O governo dos Estados Unidos, estúpido como é, e os imbecis da direita que governam em alguns países dizem que o que está acontecendo na América Latina é culpa do Foro de São Paulo, de Maduro e de Raúl (Castro). Eles tentam nos dividir para que não possamos nos ver e encontrar nosso caminho, mas são os povos que podem articular a união», argumentou o presidente venezuelano.

O governante cubano também pediu união regional e solidariedade diante dos ataques dos EUA contra Venezuela e Cuba.

«Com Raúl e Maduro, estamos dando duro nos ‘Yankees’. Projetos comuns podem ser construídos diante da agressão imperialista e seus aliados oligárquicos», frisou Díaz-Canel diante de uma audiência que incluía o seu antecessor e ainda líder do Partido Comunista de Cuba, Raúl Castro.

Díaz-Canel mencionou «as recentes vitórias da esquerda na Bolívia e na Argentina, a resistência heroica da Venezuela e de Cuba ao cerco econômico total e os protestos anticoloniais que frearam as receitas do mercado», para então enfatizar: «eles não podem nos desmobilizar novamente».

«Os setores progressistas estão conscientes da urgência da união se quisermos realmente construir juntos um projeto emancipatório anti-imperialista, comprometido com uma integração genuína e muitas vezes postergada», acrescentou.

O CERCO DOS EUA

Os presidentes de Venezuela e Cuba também denunciaram, mais uma vez, a perseguição de seus governos pelos Estados Unidos, sobre a qual Washington tem aumentado a pressão com novas sanções, que no caso da ilha se devem ao suposto apoio militar e logístico a Maduro.

«Somos acusados de sustentar a Revolução Bolivariana, em uma versão desatualizada da teoria dos satélites que na época desencadeou contra a ex-URSS, e apelamos a esse pretexto para justificar o bloqueio», disse Díaz-Canel.

Na visão do mandatário cubano, «Trump e sua corte de velhos falcões atacam a Revolução Cubana, a Revolução Bolivariana, o Foro de São Paulo, o sandinismo, as lideranças políticas da esquerda brasileira, os movimentos bolivianos, argentinos e sociais, movimentos populares e progressistas de toda a região».

«No século XXI, ameaças e agressões de vários graus de intensidade recaem sobre todos os governos soberanos que se recusam a servir o poder hegemônico para instalar bases militares, desistir de seus recursos ou ceder a seu mandato», analisou.

Como Maduro já havia feito antes, o presidente cubano descreveu como «mentiras colossais» as acusações de que Cuba e Venezuela «promovem revoltas populares em qualquer canto do planeta».

Maduro afirmou que que continua de pé «graças a uma legitimidade conquistada e a uma força popular indestrutível», apesar de ter sido acusado de ser um ditador.

«Somos perseguidos e acusados de tudo para justificar qualquer coisa. Um golpe de Estado, uma invasão, um assassinato, tudo foi tentado, e eles não conseguiram. Eles têm medo de nós. Por que tanta campanha, por que tanto medo, tanta manipulação e mentiras?», perguntou.

O presidente venezuelano também disse que o chavismo vencerá as eleições legislativas previstas para o ano que vem, e até prometeu «é assim que será».

No fórum encerrado neste domingo pelos dois presidentes, juntamente com Raúl Castro, foi aprovado um plano de ação para fortalecer a ação das «forças progressistas e de esquerda» que inclui uma estratégia de comunicação através de redes sociais e ações concretas de apoio a Cuba.

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