Por que Steve Jobs achou que o iPad era perigoso demais para seus filhos?

Crianças com predisposição à violência ou isolamento social podem ser afetadas negativamente pelas novas tecnologias

Por LOUISE BEVAN
07 de Noviembre de 2019 7:48 PM Actualizado: 08 de Noviembre de 2019 9:58 AM

“Limitamos a quantidade de tecnologia que nossos filhos usam em casa”, disse Steve Jobs, magnata da tecnologia, a um jornalista do New York Times em 2010. Isto foi dito na época do lançamento do iPad da Apple e a declaração chocou o jornalista.

Os especialistas há muito debatem a questão de saber se o acesso das crianças à tecnologia deve ser regulamentado ou não. Steve morreu em 2011, mas seu legado como empresário, homem de negócios e pai ainda está vivo. No ambiente social e tecnológico de hoje, o que significa exatamente ser um “pai de baixa tecnologia?”.

Steve Jobs segurando o novo iPad, um dispositivo de navegação móvel

na forma de um tablet que se tornou um híbrido entre o iPhone e

um MacBook portátil (Justin Sullivan/Getty Images)

No lançamento do iPad da Apple em 2010, Steve o descreveu como um “dispositivo maravilhoso” que aproximava pessoas e que possuia ferramentas educacionais.

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O repórter do New York Times, Nick Bilton, logo depois, descreveu uma interação com o empresário. “O primeiro tablet da empresa estava chegando às prateleiras”, escreveu Nick. Ele perguntou a Steve: “Então, seus filhos devem amar o iPad?”

“Eles não chegaram a usá-lo”, respondeu Steve. Então, Nick ficou sem palavras.

Steve Jobs comemora o lançamento de uma nova família de produtos Apple iPod no

California Theatre em San Jose em 26 de outubro de 2004

(Tim Mosenfelder/Getty Images)

“Eu imaginava que a casa de Steve era como o paraíso dos nerds”, explicou Nick, “que as paredes eram gigantescas telas de toque, que a mesa de jantar era feita de telhas de iPads e que os iPods eram distribuídos aos convidados como se fossem chocolates em um travesseiro. ”

“Não, o Sr. Jobs me disse, nem de perto”, escreveu ele.

Dois anos depois, Steve reiterou sua posição afirmando: “Na verdade, não permitimos o iPad em casa. Acreditamos que é perigoso demais para as crianças”, como cita o Business Insider.

Desde então, um grande número de empreendedores de tecnologia revelou suas próprias aversões pessoais à tecnologia doméstica, especialmente quando seus filhos estão envolvidos.

O editor-chefe da Wired, Chris Anderson, fala durante a conferência de negócios da Wired

na Morgan Library and Museum em Nova Iorque em 14 de junho de 2010

(Larry Busacca / Getty Images)

Lidere pelo exemplo

Chris Anderson, ex-editor da revista WIRED e atual diretor executivo da 3D Robotics, é pai de cinco filhos. Ele também instalou limites de tempo e controles dos pais em todos os dispositivos da casa de sua família.

“Meus filhos acusam a mim e a minha esposa de sermos fascistaa e muito preocupados com a tecnologia, e eles dizem que nenhum de seus amigos tem as mesmas regras”, disse Chris ao The New York Times. “Isso é porque vimos os perigos da tecnologia em primeira mão”.

“Eu já vi isso em mim”, continuou ele. “Eu não quero ver isso acontecer com meus filhos.”

A regra número um na casa de Anderson, explicou o CEO, é muito simples: “Não há telas no quarto. Ponto. Nunca – disse ele.”

O co-fundador da Medium e do Twitter Evan Williams fala na Conferência de Negócios WIRED: Pense Grande no Museu da Herança Judaica em Nova Iorque em 7 de maio de 2013 (Brad Barket / Getty Images)
O co-fundador da Medium e do Twitter Evan Williams fala na Conferência de Negócios WIRED: Pense Grande no Museu da Herança Judaica em Nova Iorque em 7 de maio de 2013 (Brad Barket / Getty Images)

Evan Williams, um dos fundadores do Twitter e Medium, e sua esposa, Sara, são igualmente cautelosos com a tecnologia. Eles têm “centenas de livros” para os filhos, em vez de iPads.

Dick Costolo, CEO do Twitter, ofereceu uma perspectiva diferente. Ele e sua esposa aprovam o “uso ilimitado de dispositivos” com uma condição: que seus filhos usem o espaço comum e não seus quartos. Muitos limites, acreditam os Costolo, poderiam provocar uma rebelião.

“Quando eu estava na Universidade de Michigan, havia um cara que morava no quarto ao lado e que tinha caixas e caixas de Coca-Cola e outros refrigerantes no quarto”, disse Dick. “Mais tarde eu descobri que era porque seus pais nunca o deixaram beber refrigerante quando ele estava crescendo”.

Os reais perigos da tecnologia

niño-iphone

Imagem ilustrativa (Hal Gatewood/Unsplash)

Segundo o Child Mind Institute, gerenciar o uso da mídia em casa é um dos maiores desafios da educação dos filhos no século XXI.

A gratificação por demanda de programas de televisão e videogames pode ter um apelo particular para crianças diagnosticadas com ADHD. Infelizmente, o tempo gasto com televisão ou com videogames não reproduz o mesmo tipo de abordagem que outras tarefas exigem.

O Dr. John Constantino, da Universidade de Washington, argumenta que crianças com predisposição à violência ou isolamento social podem ser afetadas negativamente pelas novas tecnologias, à medida que seu acesso à informação e comunicação se torna ilimitado.

Imagem ilustrativa (Patricia Prudente / Unsplash)
Imagem ilustrativa (Patricia Prudente / Unsplash)

A mídia social tem sido criticada por manter padrões irreais de beleza e sucesso, o que pode ser particularmente perigoso para mentes jovens e impressionáveis. Sem mencionar que a tecnologia como um todo tem a capacidade de se tornar extremamente viciante.

Embora os argumentos para impor (algumas) restrições à tecnologia possam ser convincentes, muitos pais de baixa tecnologia advogam fazer concessões às crianças à medida que crescem e precisam de um computador para a escola.

O biógrafo de Steve, Walter Isaacson, passou muito tempo na casa de Steve e parecia capaz de lançar luz sobre a lógica dos limites tecnológicos do empresário.

“Todas as noites, Steve costumava jantar na mesa grande e comprida de sua cozinha, discutir livros, história e uma variedade de coisas”, disse Walter ao The New York Times.

“Ninguém nunca comprou um iPad ou computador”, continuou ele, acrescentando: “As crianças não pareciam viciadas em aparelhos”.

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