Presidente interina da Bolívia nega golpe de Estado denunciado por Morales

Por EFE
13 de noviembre de 2019 6:21 PM Actualizado: 13 de noviembre de 2019 6:21 PM

La Paz, 13 nov – A presidente em exercício da Bolívia, Jeanine Áñez, garantiu nesta quarta-feira que «não há golpe de Estado» na Bolívia, contrariando a denúncia feita à comunidade internacional por Evo Morales no México, onde o ex-mandatário recebeu asilo após renunciar à presidência no domingo passado.

«Quero deixar claro que não há um golpe de Estado na Bolívia, há uma reposição da legalidade constitucional», disse a interina em mensagem com o objetivo de passar «tranquilidade» aos demais países.

O PRIMEIRO DISCURSO

Áñez pronunciou nesta quarta-feira, no Palácio Quemado, em La Paz, seu primeiro discurso à população. Segundo a nova governante, uma das primeiras metas será a convocação das eleições «o mais rápido possível».

Um dia após assumir interinamente o governo, Áñez ressaltou que tem como objetivo recuperar a ordem democrática na Bolívia, após a renúncia de Morales ter deixado um vazio de poder e gerado uma onda de violência no país.

De acordo com a presidente em exercício, este mandato é «estritamente provisório», com as atribuições imediatas de convocar novas eleições e derrubar uma decisão que permitiu que Evo Morales concorresse às eleições de 20 de outubro.

Morales renunciou no domingo, após a Organização dos Estados Americanos (OEA) denunciar supostas irregularidades no pleito em que o então presidente foi reeleito para o quarto mandato consecutivo.

A participação de Evo Morales nas eleições foi autorizada por uma sentença do Tribunal Constitucional que determinou o direito de reeleição indefinida, embora a Constituição que o próprio Morales promulgou limite a dois o número de mandatos consecutivos.

NOVAS ELEIÇÕES

Jeanine Áñez se comprometeu a «limpar as instituições» que, segundo ela, foram manchadas por uma fraude eleitoral e insistiu que a realização de novas eleições é a única saída para a crise vivida no país.

Esta crise política e social já provocou oito mortes e deixou mais de 500 pessoas feridas em confrontos entre apoiadores e opositores de Morales.

«A todos, e especialmente às famílias dos que pagaram a defesa de seus princípios com a vida, meu reconhecimento e agradecimento. Esta vitória é de vocês», declarou.

«É fundamental que todos saibam que hoje começa um caminho pacífico e democrático para repor a legalidade e que encarregou as Forças Armadas e a Polícia Nacional de garantirem a pacificação do país», acrescentou.

Áñez ressaltou que as próximas eleições contarão «com todos os atores» que cumpram os requisitos, sem citar que a oposição sempre considerou ilegal a candidatura de Evo Morales.

TRANSIÇÃO PACÍFICA

A presidente interina pediu «uma transição pacífica e democrática».

«Falo de transição sem ambiguidades, de uma mudança de regime, de revogar as condições que nos tornaram um país totalitário para construir valores, instituições e procedimentos plenamente democráticos. Um povo não é um líder, é a sua gente», advertiu.

Áñez opinou que «são os líderes que têm o dever de lutar pelas necessidades e expectativas do povo, e não o povo que precisa lutar pelas ambições dos líderes».

«Garanto a vocês que acabaram as perseguições e a intimidação na Bolívia. Os únicos bolivianos que têm que fazer as malas são nossos irmãos no exílio, os que não tinham direitos até hoje, os que sofreram perseguição do governo anterior e que agora poderão voltar à Bolívia», argumentou.

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