Buenos Aires, 18 dez – O governo da Argentina quer ter o poder de utilizar parte das reservas internacionais do Banco Central para pagar a dívida pública do país.
A proposta integra o pacote econômico apresentado na terça-feira pelo novo ministro da Economia, Martín Guzmán, que, ao detalhar as medidas, disse ser necessário dotar o governo de mais liberdade para ampliar a capacidade de pagamento dos débitos.
Se aprovados pelo Congresso, os artigos 57, 58 e 59 do megapacote de lei emergencial do governo de Alberto Fernández autorizarão a Casa Rosada a emitir US$ 4,57 bilhões em títulos públicos com vencimentos a 10 anos.
Esse montante, diz o texto da medida, «só poderá ser aplicado para o pagamento de obrigações da dívida em moeda estrangeira».
O projeto prevê que os títulos sejam integralmente amortizados no vencimento, a uma taxa de juros igual às das reservas internacionais do Banco Central, durante o mesmo período e até o limite da taxa Libor anual menos um ponto percentual.
As chamadas «reservas de livre disponibilidade» já foram utilizadas durante os governos de Néstor e Cristina Kirchner, atual vice-presidente do país.
O novo presidente da Argentina, Alberto Fernández, considera como essencial garantir a sustentabilidade da dívida para que o governo seja capaz de resolver a crise que abala a economia desde abril de 2018.
Em outro artigo do pacote, Fernández pede ao Congresso para ser autorizado a «levar adiante as negociações e os atos necessários para recuperar e garantir a sustentabilidade da dívida pública da Argentina».
Ontem, sugerindo que buscará o caminho da renegociação dos prazos de pagamento, o novo ministro da Economia pediu compreensão aos credores para que eles entendam qual é a capacidade do país de pagar as dívidas dentro de um contexto de recuperação econômica.
O mercado financeiro reagiu de forma positiva aos anúncios. Os investidores entenderam que o governo mostra vontade de quitar as dívidas e negociar com os credores, afastando a possibilidade de um calote. Por esse motivo, o risco-país caiu.
Outros artigos do projeto preveem o aumento de impostos. Com mais receitas, o governo da Argentina deve ampliar sua capacidade de pagamento.
A dívida pública da Argentina cresceu para US$ 337,2 bilhões no segundo trimestre deste ano, o equivalente a 80,7% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados oficiais.
«Essa medida é um paliativo para ganhar tempo e ir pagando. Esses US$ 4,5 bilhões são suficiente para pagar os papéis que vencem até março do ano que vem», disse o economista Nery Persichini, da consultoria CMA Capital.
«O governo tem que estabelecer as bases para mostrar aos investidores que tem vontade de pagá-lo. Em segundo lugar, ter essa capacidade de pagamento. Depois, não só deve começar a crescer, mas também gerar capacidade de poupar e registrar superávit fiscal».
Cómo puede usted ayudarnos a seguir informando
¿Por qué necesitamos su ayuda para financiar nuestra cobertura informativa en Estados Unidos y en todo el mundo? Porque somos una organización de noticias independiente, libre de la influencia de cualquier gobierno, corporación o partido político. Desde el día que empezamos, hemos enfrentado presiones para silenciarnos, sobre todo del Partido Comunista Chino. Pero no nos doblegaremos. Dependemos de su generosa contribución para seguir ejerciendo un periodismo tradicional. Juntos, podemos seguir difundiendo la verdad.