Paris, 13 jan – O brasileiro Carlos Ghosn entrou com uma ação contra a Renault na França para reivindicar o pagamento da aposentadoria da montadora francesa da qual era CEO, cargo do qual foi forçado a renunciar após sua prisão no Japão em novembro de 2018.
Em entrevistas realizadas em Beirute, capital do Líbano, para duas mídias francesas e divulgadas nesta segunda-feira, Ghosn justifica esse procedimento perante o Tribunal do Trabalho, alegando não ter renunciado formalmente como «número um» da Renault.
Após uma troca de cartas entre as partes defendendo seus interesses, o ex-executivo escreveu em meados de dezembro para a Autoridade de Mercados Financeiros da França (AMF) pois, em sua opinião, a comunicação financeira da Renault sobre sua saída estava errada.
E no final do mês passado, ele levou o caso ao Tribunal do Trabalho de Boulogne Bilancourt, a cidade dos arredores de Paris, onde está sediada a Renault.
«Minha demissão da Renault? É uma farsa», diz o brasileiro ao jornal «Le Figaro», dizendo que seria inicialmente queria resolver a disputa amigavelmente e lembrou que estava preso quando deixou a empresa.
Ele acrescenta que foi necessária a nomeação de um diretor-geral para substituí-lo e por isso assinou uma carta em 23 de janeiro de 2019 na qual disse: «Quero me aposentar das minhas funções para permitir que a empresa restaure sua governança».
O Conselho de Administração da Renault, reunido no dia seguinte, tomou nota do que ele interpretou, sem dúvida, como a «renúncia» de Ghosn, e fez isso em um comunicado.
Ele seguida, reduziu a remuneração de seu ex-diretor para o exercício de 2018.
Ghosn, em sua carta, havia apontado que estava deixando seus deveres, mas sem abrir mão de seus direitos.
Em entrevista à «Europa 1», o empresário insiste que sua carta «resultou numa demissão que não foi».
A Renault não quis comentar sobre essa disputa, que terá uma audiência no final de fevereiro.
Para Carlos Ghosn, seus direitos a pensão representam cerca de 770 mil euros por ano, acrescentando as ações que ele esperava atribuir. Também reivindica uma compensação de aposentadoria de 250 mil euros.
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