Buenos Aires, 2 dez – A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner, eleita como vice para o próximo mandato, prestou depoimento nesta segunda-feira em audiência em tribunal que a julga por favorecer o empresário Lázaro Báez na concessão de licitações para obras rodoviárias em a província de Santa Cruz.
A audiência aconteceu oito dias antes da antiga chefe de governo tomar posse junto com o presidente eleito Alberto Fernández. Diante dos magistrados, Kirchner se disse vítima de uma perseguição judicial comandada pelo atual governo do país, que tem Mauricio Macri a frente.
«O papel desempenhado pelas diferentes áreas técnicas do governo na armação desse plano sistemático, que é conhecido como lawfare», garantiu Kirchner.
BANCO DOS RÉUS
A audiência oral, a primeira que a próxima vice-presidente enfrenta – já que é acusada em diversos processos -, começou em 21 de maio e investiga o possível direcionamento da concessão da obra pública em Santa Cruz, a favor de empresas de Lázaro Báez, estreito colaborador do casal Kirchner.
No caso, a ex-governante está no banco dos réus junto com, entre outros, o ex-ministro das Obras Públicas Julio De Vido y Baéz, que está preso. De acordo com a acusação, eles encabeçaram uma quadrilha de fraude de concessão de contratos durante o mandato, para que se apropriassem de quantias milionárias.
«Eu, estou acusada de associação criminosa, quer dizer, como chefe de uma quadrilha, que se reunia para cometer crimes de forma indeterminada e indiscriminada. Podem-me dizer onde aconteciam as reuniões?», indagou Kirchner no depoimento.
Para a ex-presidente, que foi eleita senadora no fim de 2017 e conta com imunidade parlamentar, o governo que está terminando tinha na mesa uma lista que dizia quem deveria ser preso, quem não iria.
NEGAÇÃO
Assim como fez por escrito sempre que foi convocada para depor como acusada, não só na fase de investigação deste caso, Kirchner negou todas as acusações e garantiu que o processo não tem qualquer sustentação legal.
«Durante múltiplas audiências, escritos, pedimos que se auditassem toda obra pública da República Argentina e isso foi negado a nós sistematicamente», garantiu.
ORDENS DE PRISÃO
Kirchner lembrou a primeira vez que decretaram prisão preventiva contra ela, pois já havia sido eleita senadora, em mais uma crítica disparada contra Macri, que a sucedeu e foi derrotado no pleito de outubro.
«O que o governo buscava? Sabiam que não poderia ir presa, por causa do foro. Manchetes de jornais, programas inteiros de televisão», garantiu.
Kirchner ainda repassou diversas decisões que juízes tomaram contra ela, nos diversos processos que enfrenta, como, por exemplo, de intervir em empresas imobiliárias e até mesmo sobre a herança de Néstor Kirchner.
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