Dissidente das Farc anuncia «nova etapa» de luta armada

Por EFE
29 de agosto de 2019 10:24 AM Actualizado: 29 de agosto de 2019 10:24 AM

Bogotá, 29 ago (EFE)- O antigo «número 2» das Farc, conhecido como «Iván Márquez», cujo paradeiro segue desconhecido há mais de um ano, reapareceu nesta quinta-feira em um vídeo junto com outros ex-líderes da guerrilha para anunciar o início de «uma nova etapa da luta (armada)».

«Anunciamos ao mundo que começou a segunda Marquetalia (local na Colômbia onde há mais de 50 anos nasceram as Farc) sob o amparo do direito universal que assiste a todos os povos do mundo de pegar em armas contra a opressão», afirmou Márquez no vídeo divulgado pela internet, no qual aparece ao lado de 20 homens e mulheres armados com fuzis.

Entre os que o acompanham é possível ver Seuxis Paucias Hernández, conhecido como «Jesús Santrich», e Hernán Darío Velásquez, conhecido como «El Paisa», que há meses deixaram de cumprir os compromissos com a Justiça Especial para a Paz (JEP).

«Nunca fomos vencidos nem derrotados ideologicamente. Por isso, a luta continua. A história registrará nas suas páginas que fomos obrigados a retomar as armas», declarou em parte do manifesto lido durante o vídeo, datado de 29 de agosto de 2019 e com duração de 32 minutos.

Na gravação, o líder guerrilheiro diz que fala de algum ponto na região do rio Inírida, situado na região amazônica do sudeste do país, perto das fronteiras com Venezuela e Brasil.

Márquez foi chefe da equipe negociadora das Farc nos diálogos de paz de Havana e nomeado senador pelo partido da antiga guerrilha, cargo que não chegou a assumir porque em meados de abril de 2018 se transferiu para um espaço de reunião de ex-combatentes em Miravalle, no departamento de Caquetá, no sul do país, onde foi visto pela última vez na companhia de El Paisa.

O dissidente, que no vídeo aparece vestido de verde militar e com uma pistola na cintura, explica que a decisão de voltar às armas «é a continuação da luta guerrilheira em resposta à traição do Estado ao acordo de paz de Havana» e anuncia que buscará alianças com a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN).

«Buscaremos coordenar esforços com a guerrilha do ELN e com os companheiros e companheiras que não pregaram as suas bandeiras que hasteiam pátria para todos», detalha.

Na clandestinidade, Márquez já tinha criticado várias vezes o abandono das armas por parte das Farc, iniciativa que classificou como «erro».

No manifesto lido, Márquez diz que essa insurgência, que leva o nome e símbolos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), não tem como alvos soldados nem policiais «respeitosos dos interesses populares», e sim «essa oligarquia excludente e corrupta, mafiosa e violenta que acredita que pode continuar trancando a porta do futuro de um país».

«O Estado conhecerá uma nova modalidade operacional. Só responderemos à ofensiva», argumentou.

O grupo promete o «desmarque total das retenções com fins econômicos», em uma aparente referência aos sequestros, e explica que promoverá «o diálogo com empresários, criadores de gado, comerciantes e pessoas poderosas do país para buscar por essa via a sua contribuição ao progresso das comunidades rurais e urbanas».

Márquez acrescenta que, desde a assinatura da paz, em novembro de 2016, «e do desarmamento ingênuo da guerrilha em troca de nada», não se detém o massacre de líderes sociais e de ex-guerrilheiros. Além disso, culpa o Estado por não cumprir o que foi combinado.

«Em dois anos, mais de 500 líderes do movimento social foram assassinados, e já somam 150 os guerrilheiros mortos em meio à indiferença e à indolência de um Estado. Tudo isto, a armadilha, a traição e a perfídia, a modificação unilateral do texto do acordo, o descumprimento dos compromissos por parte do Estado, nos obrigaram a retornar», expressou.

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