Cidade do México, 30 out – O governo do México apresentou nesta quarta-feira um vídeo da operação policial realizada em Culiacán, no nordeste do estado de Sinaloa, no qual Ovidio Guzmán, filho do narcotraficante Joaquín «El Chapo» Guzmán, não oferece resistência e pede para que a violência promovida por seus aliados na cidade após sua prisão seja interrompida.
«Diga para que parem com tudo, já me entreguei, parem com tudo, por favor. Parem tudo agora, acalmem-se, não há mais maneira. Diga a eles que vão embora. Diga-lhes que não quero que haja violência. Não quero que haja violência, por favor!», diz Ovidio no vídeo.
A gravação teria sido feita às 14h17 em Culiacán, quando as ruas da cidade estavam tomadas por comparsas do filho de «El Chapo» em reação aos rumores de sua possível prisão.
Ovidio aparece em um estacionamento com as mãos na cabeça, é colocado contra a parede e liga para um de seus irmãos para pedir o fim da violência contra a população.
Antes da ligação, uma mulher que acompanhava o narcotraficante aparece no vídeo visivelmente nervosa, pedindo explicações aos membros da Secretaria de Defesa Nacional (Sedena) e da Guarda Nacional.
Os agentes pedem que ela se acalme e garantem que não são integrantes de grupos criminais que desejam a morte de Ovidio.
Segundo o titular da Sedena, Luis Cresencio Sandoval, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, foi informado do que estava ocorrendo em Culiacán cerca de 30 minutos depois da gravação do vídeo.
A violência promovida pelos traficantes aliados depois da prisão de Ovidio, considerado o herdeiro de «El Chapo» no comando do poderoso Cartel de Sinaloa, fez o governo do México libertá-lo para proteger a população de Culiacán da quadrilha.
López Obrador defendeu reiteradas vezes a decisão de libertar Ovidio. O presidente do México argumenta que a política de segurança de seu governo não passa por um confronto direto com o crime organizado, mas sim por resolver as causas sociais que levam as pessoas ao crime.
O secretário de Segurança e Proteção Cidadã, Alfonso Durazo, disse confiar no plano contra a violência do governo, apesar de a operação contra Ovidio ter fracassado. Para ele, a ação foi «precipitada».
«Decidimos não continuar com a ideia conservadora de guerra contra o narcotráfico, essa estratégia belicista que não só traz violência, mas também tornou as próprias instituições de segurança em protagonistas dessa violência, como poderia ter ocorrido em Culiacán», explicou Durazo.
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