Rio de Janeiro, 12 dez – A secretária de Estado de Comércio da Espanha, Xiana Méndez, afirmou nesta quinta-feira, ao término de uma visita de três dias ao Brasil, que as empresas espanholas estão com apetite para investir no país e aproveitar as oportunidades de negócios que estão surgindo.
«Tenho a impressão de que as empresas espanholas estão com muito apetite para investir agora no Brasil», afirmou Méndez em entrevista à Agência Efe, ao fazer um balanço das reuniões que participou com integrantes do governo federal e executivos de filiais de companhias do país no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.
Segundo a secretária espanhola, a percepção é que as empresas já presentes no Brasil estão interessadas em ampliar os investimentos e em participar de novos leilões de concessão no país, principalmente nos setores de infraestrutura, telecomunicações e energia.
«E as empresas que já tiveram uma experiência pontual ou não conhecem bem o mercado brasileiro têm o mesmo apetite porque sabem que algo está se movendo», disse Méndez depois de participar no Rio do Encontro Empresarial Brasil-Espanha.
«O interesse é claro se vermos que há 40 empresas espanholas aqui. Raramente um encontro empresarial geograficamente tão distante tem uma presença como a de hoje», completou a secretária.
Méndez explicou que o grande interesse foi motivado por diferentes fatores, entre os quais se destacam as oportunidades que se abrem com a futura entrada em vigor do acordo de livre-comércio entre União Europeia (UE) e Mercosul.
Outro elemento é a vontade do governo de Jair Bolsonaro de ser admitido como membro da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que obrigará o país a adaptar normas e regulamentos aos padrões do órgão.
O processo de recuperação da economia brasileira depois de uma das recessões mais profundas da história do país e as reformas iniciadas pelo governo federal também elevaram o interesse das empresas espanholas no Brasil, segundo a secretária.
«A conclusão é de otimista. Temos a impressão que neste último trimestre, depois do sucesso rotundo da aprovação da reforma da previdência, há um ponto de inflexão que parece que a economia começa a ganhar dinamismo», explicou Méndez.
«Nos ofereceram todo o tipo de informação e nossa responsabilidade é transmitir isso às empresas para que elas também fiquem animadas e decidam considerar o mercado brasileiro a identificar oportunidades e buscar sócios», acrescentou a secretária espanhola.
Sobre as restrições de alguns países europeus em ratificar o acordo entre UE e Mercosul pela oposição às políticas ambientais de Bolsonaro, Méndez afirmou que, na verdade, o pacto é necessário para que o Brasil se comprometa com a proteção do meio ambiente.
«É importante que o acordo comercial entre em vigor para que funcione como uma ferramenta de pressão. O acordo, apesar de ter natureza comercial, tem capítulos relativos ao desenvolvimento sustentável que incentivam um maior cumprimento dos padrões de proteção ambiental e social», explicou a representante do governo da Espanha.
Para Méndez, o Brasil terá que cumprir as cláusulas ambientais do pacto firmado com o bloco europeu para não sofrer as consequências.
«A conclusão é muito clara: a alternativa é pior. Não ratificar o acordo comercial que tem um capítulo de desenvolvimento sustentável tão ambicioso não nos coloca em uma posição melhor para que o Brasil cumpra o Acordo de Paris. É importante que o acordo comercial seja ratificado para haver um instrumento adicional ao Acordo de Paris, já que ele não prevê sanções», ressaltou.
A secretária de Comércio da Espanha também descartou qualquer retrocesso no acordo devido à chegada de Alberto Fernández ao poder na Argentina.
«Sou otimista e estou tranquila porque vimos como os negociadores argentinos se esforçaram para encerrar as negociações. O governo novo disse estar satisfeito com o acordo, mas, por ser algo tão importante, precisa de tempo para conhecê-lo melhor. Isso é normal, eles estão chegando e precisam de tempo para se inteirar», concluiu.
Cómo puede usted ayudarnos a seguir informando
¿Por qué necesitamos su ayuda para financiar nuestra cobertura informativa en Estados Unidos y en todo el mundo? Porque somos una organización de noticias independiente, libre de la influencia de cualquier gobierno, corporación o partido político. Desde el día que empezamos, hemos enfrentado presiones para silenciarnos, sobre todo del Partido Comunista Chino. Pero no nos doblegaremos. Dependemos de su generosa contribución para seguir ejerciendo un periodismo tradicional. Juntos, podemos seguir difundiendo la verdad.