Exílio em Miami culpa golpe contra Parlamento a decisões erradas de Guaidó

O exilado culpou Guaidó por permitir em 2019 a reintegração "inconstitucional" de cerca de 55 deputados oficialistas que haviam abandonado a AN e que ajudaram na eleição de Parra

Por EFE
06 de enero de 2020 9:11 PM Actualizado: 06 de enero de 2020 9:11 PM

O grupo Venezuelanos Perseguidos Políticos no Exílio (Veppex) chamou de «golpe» contra o Parlamento a eleição de Luis Parra neste domingo como novo presidente da Assembleia Nacional (AN) e culpou Juan Guaidó por permitir a reintegração em 2019 de deputados que votaram hoje para removê-lo.

“Este é o resultado de uma série de decisões errôneas que Guaidó precisa explicar ao país e à comunidade internacional. Para nós, é responsabilidade dele”, disse à EFE José Colina, presidente da Veppex.

Após um breve e caótico debate, os deputados chavistas da AN elegeram Parra, ex-membro do Partido da Primeira Justiça como presidente da organização.

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Juan Guaidó escala uma cerca na tentativa de entrar na sede da Assembleia Nacional, vigiada pela polícia a fim de impedir sua entrada e a de deputados da oposição neste domingo, em Caracas, Venezuela (EFE / Rayner Peña)
Juan Guaidó escala uma cerca na tentativa de entrar na sede da Assembleia Nacional, vigiada pela polícia a fim de impedir sua entrada e a de deputados da oposição neste domingo, em Caracas, Venezuela (EFE / Rayner Peña)

Policiais impediram a entrada no Palácio Legislativo do opositor Juan Guaidó, que desde o ano passado, quando assumiu a liderança da AN, foi reconhecido por cerca de 60 governos, incluindo os EUA, como presidente interino da Venezuela.

Para Colina, o fato foi outro sinal de que «o establishment militar apóia Nicolás Maduro e é usado para violar a Constituição e impedir que representantes eleitos façam seu trabalho».

«É vergonhoso que o regime, agindo como ele é, uma ditadura, tenha usado o estamento militar para que os deputados (oficialistas) entrassem na câmara e pudessem eleger o conselho de administração da Assembleia Nacional», acrescentou.

Colina disse que trata-se de uma eleição «ilegítima» que «eles não reconhecem» e lamentou que hoje os venezuelanos «tenham perdido o único poder legítimo» que tinham.

O exilado culpou Guaidó por permitir em 2019 a reintegração «inconstitucional» de cerca de 55 deputados oficialistas que haviam abandonado a AN e que ajudaram na eleição de Parra.

Deputado Luis Parra (centro) participa da sessão da Assembleia Nacional neste domingo, em Caracas, Venezuela (EFE / Rayner Peña R.)
Deputado Luis Parra (centro) participa da sessão da Assembleia Nacional neste domingo, em Caracas, Venezuela (EFE / Rayner Peña R.)

A votação foi realizada «sem votos ou quorum», denunciaram os opositores.

«Esta é a consolidação do Estado falido, quando um Estado não pode operar, um Estado que tem dois presidentes, dois Supremos Tribunais de Justiça e agora terá três assembleias ou duas assembleias», disse Colina.

Enquanto isso, Donna Shalala, deputada da Flórida, lamentou em sua conta no Twitter que o «regime de Maduro continua desafiando a democracia» na Venezuela ao criticar a falta de quorum e o uso de «bandidos» para barrar, na entrada no Palácio do Governo, a oposição e o «presidente interino Guaidó».

O senador Marco Rubio classificou na mesma rede social a equipe de Maduro como «estúpida» por querer mostrar que a votação ocorreu sem Guaidó porque ele estava atrasado.

Antes da sessão, esperada por meses como um novo impulso entre o governo e a oposição, o entorno do Palácio Legislativo foi tomado pela Polícia Nacional Bolivariana (PNB) e pela Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militarizada), que impuseram numerosos obstáculos a Guaidó e outros deputados que o acompanhavam.

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