Por Chriss Street, Epoch Times
O objetivo da China de controlar economicamente a Ásia Central se choca com o objetivo da Rússia de manter a Ásia Central como um amortecedor de segurança nacional contra o terrorismo islâmico no Oriente Médio.
O novo relatório da Geopolitical Futures intitulado «Na Ásia Central, a China pode realmente competir com a Rússia?», sugere que o coeficiente entre exportações de bens e serviços e o PIB da China caindo de 36% em 2006 para 20% No ano passado – o menor coeficiente desde que Bill Clinton foi presidente dos Estados Unidos – Pequim está tentando exportar sua produção excedente e garantir os recursos naturais necessários na Ásia Central.
Mas a expansão da China está competindo com a necessidade crítica da Rússia de manter sua influência nos estados pós-soviéticos da Ásia Central no Tajiquistão, Cazaquistão, Uzbequistão, Quirguistão e Turquemenistão como uma zona de amortecimento fundamental para separar a nação do instável Oriente Médio e dos elementos terroristas que se deslocam para o norte através da Ásia Central.
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A Rússia tem vínculos históricos com a região e fornece assistência financeira para atender às suas necessidades estratégicas, em vez de obter benefícios econômicos. Por quase três décadas, a Rússia e os países da Ásia Central participaram da União Econômica da Eurásia de livre comércio.
Embora seu produto interno bruto (PIB) tenha caído de US$ 2,3 bilhões em 2013 para US$ 1,3 bilhão em 2016 devido à queda nos preços do petróleo e às sanções ocidentais relacionadas à anexação da Crimeia em 2014, a Rússia perdoou 900 milhões de dólares em dívidas com o Uzbequistão em 2016 e 240 milhões de dólares em dívidas com o Quirguistão em 2017.
Com a Rússia limitada financeiramente, a Ásia Central se tornou um dos principais destinatários de fundos para o desenvolvimento de mercados a partir da iniciativa chinesa «Um Cinturão, Uma Rota» (OBOR, na sigla em inglês). Atualmente, as empresas chinesas produzem cerca de 20% do petróleo do Cazaquistão. Mais de 80% dos depósitos de ouro do Tajiquistão são operados por empresas que pertencem em parte aos chineses. E mais de 700 empresas uzbeques estão sendo financiadas por empréstimos bancários chineses.
O maior investimento da China na região foi de US$ 8 bilhões no desenvolvimento do campo de gás de Galkynysh, no Turquemenistão, e de um gasoduto sainda da China passando pelo Uzbequistão, Tajiquistão e Quirguistão. Atualmente, a China responde por cerca de 55% de todo o comércio da Ásia Central, em comparação com os menos de 10% em 2008.
Geopolitical Futures adverte que “os países da Ásia Central podem ser pegos nas chamadas “armadilhas da dívida” devido ao superendividamento. Devem à China US$ 3,4 bilhões (21% da dívida externa do Estado) do Uzbequistão; US$ 2,9 bilhões de dólares (48% de sua dívida externa) do Tajiquistão; e US$ 1,7 bilhão de dólares (42,5% da dívida externa) do Cazaquistão. A carga econômica é tão alta que o Tajiquistão concordou em arrendar 1% de seu território para a China em 2011, e o Turquemenistão vende gás natural para a China a um terço das taxas de mercado».
Os Estados da Ásia Central entraram na «Organização do Tratado de Segurança Coletiva» com a Rússia em 1992, o que fez da Rússia seu principal garantidor de segurança. Embora o Uzbequistão tenha se retirado posteriormente, o exército russo possui bases e instalações no Tajiquistão e uma base aérea no Quirguistão; os russos também doaram veículos blindados de patrulha e reconhecimento BRDM-2M no valor de US$ 5 milhões, uma estação de radar e o sistema de mísseis antiaéreos Favorit S-300. O Uzbequistão acaba de encomendar veículos russos Typhoon, veículos blindados BTR-82A, veículos blindados Tigre, estação de radar Sopka-2 e planeja encomendar 12 helicópteros de transporte e combate Mi-35M.
A importância da zona de amortecimento para a Rússia e sua relação de segurança com os países da Ásia Central foi demonstrada na semana passada quando militantes do ISIS na fronteira entre o Tajiquistão e o Uzbequistão atacaram um posto de fronteira 48 km a sudoeste de Dushanbé, capital do Tajiquistão. O Comitê de Segurança Nacional do Tajiquistão disse que 15 militantes foram mortos, enquanto a mídia do ISIS Amaq alegou que dez membros das forças de segurança do tajiques foram mortos.
Geopolitical Futures destaca que, após as sanções ocidentais, «a China se tornou a única grande potência que estava disposta a aumentar o comércio bilateral e os laços econômicos com a Rússia». Isso torna improvável que a Rússia enfrente a crescente presença da China na Ásia Central. Mas se as sanções ocidentais forem eliminadas, a Rússia poderá se tornar mais agressiva com os chineses, afirmando assim seu domínio histórico na região.
Chriss Street é especialista em macroeconomia, tecnologia e segurança nacional. Ele atuou como CEO de várias empresas e é um escritor ativo com mais de 1.500 publicações. Ele também oferece regularmente conferências de estratégia para estudantes de pós-graduação nas melhores universidades do sul da Califórnia
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