Lima, 2 set (EFE)- Promotores que participam da força tarefa da Lava Jato realizada pelo Ministério Público do Peru vão interrogar nesta terça-feira Andrés Sanguinetti, irmão do ex-presidente do Uruguai Julio María Sanguinetti, que administrou a conta bancária na qual a construtora Odebrecht pagou propinas a funcionários públicos peruanos.
O interrogatório estará a cargo dos promotores José Domingo Pérez e Geovana Mori em um tribunal de Ciudad de la Costa, a 21 quilômetros de Montevidéu.
Segundo investigações preliminares, Sanguinetti administrava a conta da Odebrecht na Banca Privada d’Andorra (BPA) e teria sido o responsável por abrir no mesmo banco as contas de destino das propinas que estavam em nome de funcionários do alto escalão do governo do ex-presidente Alan García em seu segundo mandato.
Além disso, o irmão do ex-presidente uruguaio supostamente tinha contato direto com o Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, área responsável na companhia pelos pagamentos de propinas em troca da concessão de grandes contratos de obras públicas. E assim teria acontecido, por exemplo, no caso da construção do segundo trecho da linha 1 do metrô de Lima.
Entre aqueles para os quais supostamente Sanguinetti abriu contas na Banca Privada d’Andorra está o ex-vice-ministro de Comunicações peruano Jorge Cuba e alguns ex-integrantes do comitê especial do metrô de Lima, além do ex-vice-presidente da estatal Petroperú Miguel Atala, que em maio confessou ter sido ‘laranja’ do próprio Alan García para que o ex-presidente recebesse US$ 1,3 milhão da Odebrecht.
A revelação de Atala foi feita poucas semanas depois de García se suicidar com um tiro na cabeça quando a polícia chegou a sua casa para prendê-lo. Alguns meses antes, o ex-presidente tinha se refugiado na residência do embaixador do Uruguai em Lima para pedir asilo diplomático, alegando ser perseguido do governo da época, mas o pedido foi rejeitado.
Na parte peruana da operação Lava Jato foram acusados de crimes de corrupção os ex-presidentes Alejandro Toledo (atualmente preso nos Estados Unidos enquanto a Justiça americana decide se o extraditará ao Peru) e Ollanta Humala (para quem o Ministério Público pediu 20 anos de prisão por suposta lavagem de dinheiro pelo financiamento irregular de suas campanhas eleitorais) e Pedro Pablo Kuczynski (que cumpre pena de 36 meses de prisão domiciliar).
Já a líder opositora Keiko Fujimori cumpre 36 meses de prisão preventiva desde outubro do ano passado, assim como a ex-prefeita de Lima Susana Villarán, que pode ficar presa por até 24 meses enquanto é investigada.
Luis Castañeda, também ex-prefeito da capital, foi o mais recente a ser incluído nesta investigação e está impedido de sair do Peru por 18 meses.
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