Teerã, 10 set (EFE)- A iraniana Sahar Jodayari, que ateou fogo no próprio corpo após tomar conhecimento de que poderia ser condenada à prisão por tentar entrar em um estádio de futebol, algo proibido para as mulheres no Irã, não resistiu aos ferimentos e acabou morrendo, causando grande comoção nesta terça-feira e uma onda de críticas nas redes sociais.
Vários internautas solicitaram a Fifa que pressione o governo iraniano, ameaçando com sanções como a eliminação do Irã de competições internacionais, para que permita o comparecimento das mulheres ao estádios.
Jodayari, de 29 anos, e conhecida como a «garota azul» pelas cores de sua equipe Esteghlal, morreu ontem, em um hospital de Teerã, segundo confirmação da agência semioficial iraniana «Shafaghna».
O Esteghlal expressou seu profundo pesar pelo falecimento e ofereceu suas condolências à família da jovem, que foi presa pela polícia quando tentou se disfarçar de homem, no mês de março, no Estádio Azadi, em Teerã, para ver o confronto entre seu time de coração e o Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos.
Ela passou dois dias na prisão de Gharchak e foi libertada para aguarda o julgamento, mas, quando no início do mês que poderia pegar uma pena de seis meses de prisão, a jovem decidiu atear fogo nela mesma fogo, ficando com queimaduras em 90% do corpo.
A Anistia Internacional (AI) denunciou hoje que Sahar Jodayari «ainda estaria viva se não fosse por esta proibição draconiana e pelo subsequente trauma de sua prisão e acusação».
«Sua morte não deve ser em vão. Ela deve estimular a mudança no Irã para evitar mais tragédias no futuro», disse em comunicado, Philip Luther, responsável da AI para o Oriente Médio.
Luther pediu à Fifa que adote «medidas urgentes para acabar com a proibição e garantir que as mulheres tenham acesso a todos os estádios esportivos sem discriminação».
Devido às pressões da Fifa, as autoridades iranianas anunciaram que as mulheres poderão comparecer ao Azadi no próximo dia 10 de outubro, para a partida entre Irã e Cambodja, pelas Eliminatórias asiáticas para a Copa do Mundo de 2022.
As mulheres não podem entrar nos estádios do Irã para ver os homens jogarem desde o triunfo da Revolução Islâmica de 1979, que estabeleceu a política de segregação sexual e inúmeras restrições para elas.
Por alguns anos, uma presença reduzida de mulheres foi permitida em alguns partidos no Irã, mas sempre muito figurativa e a convite, em meio ao cabo de guerra entre os setores reformistas e conservadores da República Islâmica.
É comum, no entanto, que as mulheres tentem entrar furtivamente nos estádios vestidos como homens com bonés, perucas e até barbas falsas, apesar do risco de serem descobertas e detidas pela polícia. EFE
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