BIARRITZ (França), 26 ago (EFE)- O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixa a cúpula do G7 nesta segunda-feira com uma vitória particular na guerra comercial com a China.
Depois de ver Trump incendiar as relações bilaterais na sexta-feira, ao anunciar a aplicação de novas tarifas sobre os produtos importados chineses e ameaçar a retirada de empresas americanas do país, o governo de Xi Jinping recuou e pediu o reinício das negociações de alto nível para solucionar a crise.
O recuo veio acompanhado de uma mensagem de paz. O vice-primeiro-ministro da China, Liu He, responsável pelas negociações, disse que seu país «se opõe firmemente a uma intensificação da guerra comercial» e que prefere ter um diálogo tranquilo com os Estados Unidos.
Embora tenha voltado a atacar as práticas da China no comércio internacional durante a cúpula do G7 em Biarritz, na França, Trump fez um aceno a Xi, que foi chamado na sexta-feira de «um dos principais inimigos dos Estados Unidos», ao dizer que o presidente chinês é um «grande líder».
Trump também afirmou que as conversas pedidas pela China podem começar muito em breve, mesmo se não houver qualquer garantia de que os dois países chegarão a um acordo para solucionar a guerra que se arrasta há quase um ano e meio.
O presidente americano não descartou adiar ou suspender as tarifas anunciadas contra os produtos chineses. Para Trump, a China quer voltar à mesa de negociação porque as ações da Casa Branca geraram a «perda de muitos empregos». Segundo ele, Xi quer uma «solução sensata», mas os EUA estão em uma «posição forte» para conseguir um acordo justo.
Apesar de a Casa Branca considerar a mensagem da China como uma vitória, Trump recebeu uma advertência do presidente da França, Emmanuel Macron, que chefiou a cúpula do G7: o acordo firmado entre os dois países deve ser «equilibrado para todos».
«Nós estaremos atentos para proteger os interesses de todo o mundo», disse Macron em nome daqueles que temem que China e EUA incluam exclusividades no acordo.
Os países-membros do G7 reconheceram que a China adotou práticas reprováveis, como a falta de respeito com a propriedade intelectual. E constatou que a Organização Mundial de Comércio (OMC) não foi eficaz em eliminar as barreiras colocadas por Pequim.
Macron avaliou que Trump se mostrou favorável a um acordo com a China e disse que o objetivo das negociações é garantir que as regras do comércio internacional sejam cumpridas.
A presidência do G7 passa agora para os Estados Unidos. Trump organizará a cúpula do grupo dos países mais ricos do mundo poucos meses antes de tentar a reeleição nas eleições presidenciais de outubro de 2020.
O principal desejo de Trump para o evento é o retorno da Rússia, expulsa do então G8 em 2014 após a anexação ilegal da Crimeia, região que pertence à Ucrânia.
«Acho que é melhor ter a Rússia dentro da barraca do que fora», disse Trump em entrevista coletiva. Macron discordou e resumiu a posição de outros integrantes do grupo. «Enquanto a situação na Ucrânia não se solucionar, não é o momento de oficializar o retorno», afirmou.
Trump defendeu abertamente realizar a cúpula de 2020 em um local que pertence a ele nos arredores de Miami, o Doral Trump National Miami Golf Resort, que, segundo ele, é um «local magnífico».
Perguntado se a escolha não representa um problema ético, já que o uso de sua propriedade poderia gerar lucros econômicos a ele, Trump disse que não ganharia um centavo se a cúpula for realizada no resort, mas não deu mais detalhes sobre o caso.
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