Barcelona (Espanha), 9 out (EFE)- O espanhol Pablo Yglesias plantou mais de 10 mil árvores no território do Peru, criou uma reserva ecológica e ajudou centenas de espécies tropicais, mas não quer parar por aí, e se propõe a dar um passo, criando uma fundação e, com ela, reflorestar a Amazônia.
Yglesias, natural de Barcelona, na Espanha, vive e trabalha há seis anos no Parque Nacional do Manu, um espaço natural protegido localizado no sul peruano e um dos pontos com maior biodiversidade do planeta.
A vida de Yglesias, técnico de som e luz, deu um guinada depois que ele aterrissou pela primeira vez na floresta para fazer um voluntariado na América do Sul, enquanto o país natal mergulhava em uma dura crise econômica.
Na região, descobriu uma paixão pela natureza que o inspirou a fundar, em 2013, a Reserva Terra Linda, uma área de conservação em que promove, com ações de voluntariado, uma relação mais harmoniosa com o entorno e os moradores das tribos indígenas.
«É um centro de conservação e pesquisa situado no coração da Amazônia peruana, uma espécie de hotel para pesquisadores», explica em entrevista à Agência Efe.
No entanto, após anos de experiência, Yglesias decidiu dar um salto qualitativo e «profissionalizar» sua atividade para «não ter que depender de agências (de voluntários)».
Por isso, sua meta é criar uma fundação de estudos amazônicos para formar profissionais em técnicas de reflorestamento de espécies tropicais, uma instituição dirigida a estudantes de ciências ambientais, engenharia agrônoma, biólogos e pessoas especialistas na matéria.
«Uma parte do curso será online, mas o escritório presencial estará na selva floresta», diz, para logo explicar que as aulas serão ministradas por docentes de universidades peruanas, de modo que o ambientalista está buscando formas de conseguir bolsas de estudos para os alunos.
Yglesias também trabalha com a opção de que as faculdades revalidem créditos a seus estudantes por participar das oficinas práticas.
Por enquanto, o espanhol lançou uma campanha de «crowdfunding» na plataforma GoFundMe para arrecadar 10 mil euros (R$ 44,6 mil), valor necessário para dar início à fundação e financiar os materiais que precisa.
«Às vezes, pensamos que reflorestar é só plantar uma árvore, mas há um antes e um depois», diz.
«Primeiro é preciso encontrar as sementes, que não são baratas, depois transferí-las de outras florestas, fazer uma manutenção de três a cinco anos e, finalmente, conseguir que germinem com sucesso», afirma.
O ambientalista indica ainda que 90% das árvores que são plantadas acabam morrendo.
«Eu aprendi a avaliar as poucas coisas que tenho», diz Yglesias, quem tem claro que a felicidade não vem das coisas materiais.
«Levo seis anos vivendo sem eletricidade, sem internet, sem comprar roupas. E, no fim, me dei conta que todas as necessidades que criamos na Europa não servem para nada. Aqui, sou o homem mais rico da selva», assegura.
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