Recife (Brasil), 10 out (EFE)- As tensas relações entre Brasil e Venezuela pioraram com o mega vazamento de petróleo que já atingiu 132 praias do Nordeste, uma tragédia ambiental que, para o governo de Jair Bolsonaro, tem origem estrangeira e fruto de ação criminosa.
«Com toda segurança houve um derramamento criminoso de petróleo na região litorânea. Estou quase seguro disso. Não temos bola de cristal para descobrir rapidamente quem é o responsável pelo ato criminoso, mas tomamos as medidas», disse Bolsonaro durante participação no Fórum de Investimentos Brasil 2019, realizado em São Paulo.
Ontem, em breve conversa com jornalistas no Palácio do Planalto, Bolsonaro evitou especificar qual era o país de origem do petróleo, mas, estudos preliminares feitos pela Petrobras indicam que ele pode ter vindo da Venezuela. A mancha negra já atingiu mais de 60 municípios do litoral do Nordeste, provocando a morte de tartarugas marinhas e aves.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tentou acalmar os ânimos hoje, especialmente depois de o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ter confirmado em depoimento no Congresso que o petróleo «muito provavelmente» veio da Venezuela e teria sido derramado, acidentalmente ou não, por um navio estrangeiro.
«Em nenhum momento foi dito que (o derramamento) era da PDSVA (a estatal petrolífera da Venezuela) ou que tinha essa origem. O que se disse é que o petróleo encontrado tem características similares ao extraído em alguns poços venezuelanos, mas a origem provavelmente foi algum navio em alto-mar carregando esse petróleo», disse Albuquerque.
«Só uma investigação bastante complexa poderá nos dizer a origem do vazamento. A investigação foi iniciada no dia 2 de dezembro e dela participam vários órgãos. É difícil prever quanto tempo demorará para chegarmos a uma conclusão e não concordo que o governo tenha demorado a tomar medidas», disse Albuquerque, que participou hoje no Rio de Janeiro de um leilão de campos de exploração de petróleo e gás.
Para o ministro, a situação é totalmente atípica. «Foram encontradas manchas desde o norte do Maranhão até Sergipe. Isso é atípico porque há duas correntes marítimas na região, uma vai para o noroeste e outra para o sul, por isso a complexidade da investigação», explicou.
No Twitter, o presidente da PDVSA e ministro do Petróleo da Venezuela, Manuel Quevedo, criticou as «acusações infundadas» feitas pelo governo brasileiro. Para ele, as declarações visam «aprofundar as agressões unilaterais coercitivas contra o povo venezuelano».
Em comunicado, a estatal venezuelana afirmou que não existe evidência de vazamentos nos campos de petróleo administrados por ela e que também não recebeu relatórios de clientes ou filiais sobre um possível vazamento no litoral brasileiro.
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