Moscou, 2 out (EFE)- O presidente da Rússia, Vladimir Putin, comentou nesta quarta-feira a última polêmica envolvendo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao afirmar não ter visto «nada comprometedor» na polêmica conversa telefônica entre o americano com o mandatário da Ucrânia, Vladimir Zelenski, que motivou a abertura de um processo de julgamento político contra o republicano.
«Até onde sabemos, não vejo nada comprometedor. O presidente Trump dirigiu-se ao seu colega com o pedido que investiguem supostas transações corruptas do governo anterior. É definitivamente a obrigação de qualquer líder» fazer isso, disse Putin, durante a sessão plenária da Semana Energética da Rússia.
«Todo mundo tem o direito de saber se houve corrupção ou não. Não vi naquele telefonema que o presidente Trump exigisse material comprometedor de Zelenski a todo custo e ameaçando limitar» a ajuda militar de seu país a Kiev, acrescentou.
O presidente americano pediu a Zelenski, durante conversa telefônica no dia 25 de julho, que investigasse o ex-vice-presidente e pré-candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, e sua família por suposta corrupção na Ucrânia.
Além disso, bloqueou uma transferência milionária em ajuda militar a Kiev até semanas após a ligação, que motivou uma denúncia interna de um agente da CIA e início de um processo para um julgamento político contra o presidente dos EUA.
A Casa Branca publicou finalmente a conversa. Putin disse ter aprendido em sua «carreira anterior», na KGB soviética, que todas as conversas podem vir à tona, mas deixou claro que não aprova isso, pois «existem coisas que são confidenciais».
Ele explicou que ainda deu permissão à Casa Branca quando alguns parlamentares democratas apontaram para a possibilidade de Trump ter feito promessas escandalosas a Putin em Helsinque e exigiram o comparecimento da intérprete, a única que tinha anotações da reunião que os dois líderes realizaram a sós.
Na opinião de Putin, nos EUA os democratas «utilizaram qualquer pretexto para atacar Trump», e o relatório do ex-promotor especial Robert Mueller «provou que não houve conspiração entre o presidente Trump e nós» para ajudá-lo a vencer a democrata Hillary Clinton, nas eleições de 2016: «agora encontraram um novo pretexto: a Ucrânia».
Mueller não encontrou evidências de conspiração, mas não descartou a interferência russa.
Putin enfatizou que a Rússia «não deu um único passo destrutivo em direção aos EUA» e que Moscou não está interessado em interferir em nenhuma eleição, nem mesmo nas próximas dos Estados Unidos, em 2020.
«Eu lhe digo um segredo», brincou Putin, enquanto se dirigia ao moderador da sessão plenária. «Sim, definitivamente vamos intervir» nas eleições dos EUA em 2020. «Mas, por favor, não conte a ninguém», disse ele ironicamente.
Ele argumentou que a Rússia tem «muitos problemas próprios para resolver» e que esses são «seu principal foco de atenção». «Portanto, por que intervir nas eleições de qualquer país?», questionou Putin.
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