Por Daniel Lacalle
Artigo recente do Financial Times, «Abenomics dá uma lição ao mundo rico«, mencionou que o experimento iniciado pelo primeiro ministro Shinzo Abe no início de 2010 deveria servir como um aviso importante para os países ricos.
Infelizmente, as «lições» do artigo foram bastante decepcionantes. Principalmente porque o banco central pode fazer muito mais do que o Banco Central Europeu (BCE) e o Federal Reserve estão fazendo, e que o Japão não está fazendo tão mal. Não estou de acordo.
O fracasso da Abenomics tem sido espetacular. O balanço do Banco Central do Japão disparou para mais de 100% do PIB do país. O banco central tem quase 70% dos fundos cotados no país e é um dos 10 principais acionistas da maioria das grandes empresas do índice Nikkei.
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A dívida pública em relação ao PIB aumentou para 236% e, apesar do custo recorde da dívida, o governo gasta quase 22% do orçamento em pagamento de juros. Tudo isso para conseguir o que?
Nenhum dos resultados esperados do experimento monetário maciço, engenhosamente chamado QQE (flexibilização quantitativa e qualitativa), foi alcançado, mesmo remotamente. O crescimento deve ser um dos mais fracos do mundo em 2020, segundo o Fundo Monetário Internacional, e o país violou sistematicamente suas metas de inflação e crescimento econômico, enquanto o balanço dos bancos centrais e a dívida do país dispararam.
Os salários reais estão estagnados há anos, e a atividade econômica permanece tão pobre quanto nas duas décadas anteriores de estímulo constante.
As principais lições que as economias globais devem aprender com o Japão são as seguintes:
Nenhum país pode compensar o problema da demografia e da produtividade com um aumento da dívida e a emissão dinheiro. Isso dá um impulso momentâneo, mas deixa a economia mais fraca e em permanente estagnação.
Os desafios tecnológicos e de produtividade não podem ser resolvidos incentivando maus investimentos e gastos públicos. É uma transferência maciça e constante de riqueza do produtivo para o improdutivo, que faz com que os setores de alta produtividade fiquem estagnados e os setores obsoletos permaneçam «zumbificados».
Fazer a mesma coisa usando nomes diferentes não gerará um resultado diferente. Chamar a mesma política de algo diferente não deixará os cidadãos empolgados com a economia.
Um diagnóstico incorreto levará a uma piora dos resultados. Quando o governo está rodeado de economistas que lhe dizem que o problema da economia é que há economia demais, o governo decidirá aumentar os impostos e criar um problema maior atacando o consumo.
Com uma dívida privada de 221% do PIB, o Japão tem muitos problemas, nenhum dos quais é um “excesso de economia”.
Se as reformas estruturais forem abandonadas, os resultados serão piores. O programa QQE foi baseado em três «flechas»: política monetária, gastos públicos e reformas estruturais. Adivinhe qual flecha eles esqueceram de colocar em prática? Exatamente. As reformas estruturais nunca foram realizadas e, quando finalmente foram feitas, resultaram em aumento de impostos e maior intervencionismo, o oposto do que a economia precisava.
A maior lição que podemos receber do Japão não é que o banco central possa comprar ações e continuar metendo o pé na jaca. A maior lição do Japão é que a política monetária e fiscal não é projetada para revitalizar a economia e melhorar o crescimento ou a produtividade, mas para perpetuar os desequilíbrios criados pela excessiva intervenção do governo e transferir a riqueza dos salários e poupanças para o governo e para os setores mais endividados.
A lição do Japão é que nenhum governo pode igualar dois mais dois, mas pode prolongar os desequilíbrios orçamentários por muito mais tempo do que a lógica ditaria.
A verdadeira lição do Japão é que os planejadores centrais continuarão preferindo nacionalizar gradualmente a economia antes mesmo de considerar uma redução moderada no tamanho do governo e no controle da economia. O resultado será um crescimento quase nulo, baixa produtividade e um crescente descontentamento, mas a máquina burocrática estará a salvo.
Daniel Lacalle é economista-chefe do fundo de investimento livre Tressis e autor de «Escape from the Central Bank Trap», publicado pela BEP
O conteúdo desta matéria é de responsabilidade do autor e não representa necessariamente a opinião do Epoch Times
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