O embaixador chinês na Dinamarca ameaçou cancelar um acordo comercial com as Ilhas Faroé se o governo local não conceder um contrato 5G à Huawei, informou a mídia local dinamarquesa.
A suposta ameaça, feita pelo embaixador chinês Feng Tie ao líder das Ilhas Faroé, Bárður Nielsen, aumenta as preocupações com relação aos laços da Huawei com o regime comunista chinês, à medida que a empresa impulsiona sua expansão para a Europa. As Ilhas Faroé têm uma população de aproximadamente 52 mil habitantes e são uma região autônoma na Dinamarca.
Os Estados Unidos, que entraram na lista negra da gigante tecnológica chinesa em maio para que não negocie com empresas americanas, tentaram convencer seus aliados a proibir a Huawei de implementar a tecnologia 5G devido a riscos de segurança e espionagem.
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Em 11 de novembro, Tie teve uma reunião com Neilsen, durante a qual o embaixador disse que Pequim não entraria em um acordo de livre comércio com as Ilhas Faroé se a Føroya Tele, empresa de telecomunicações da região, não conceder à Huawei um contrato de 5G.
A suposta ameaça foi revelada depois que a emissora de televisão local Kringvarp Føroya, em 15 de novembro, gravou involuntariamente uma conversa entre oficiais das Ilhas Faroé discutindo o aviso do regime chinês. Apesar de uma ordem judicial expedida pelo tribunal contra a publicação da gravação, a mídia dinamarquesa DR publicou o áudio.
Nielsen supostamente teria dito que seu governo não interferiria na adjudicação do contrato.
A embaixada chinesa na Dinamarca negou o relatório. Em um tuíte de 11 de dezembro, ele disse: «O embaixador não fez nenhuma ameaça, nem ouviu queixas por parte das Ilhas Faroé».
A embaixada disse que queria «garantir que a Huawei receba tratamento justo e indiscriminado na Dinamarca», porque «os Estados Unidos usam abertamente seu poder para intimidar a Huawei».
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, disse em 11 de dezembro que o relatório dinamarquês era «incorreto e mal intencionado».
Em 11 de dezembro, Nielsen disse à DR local que os comentários do embaixador faziam parte de uma «conversa entre os dois países e não é algo que o público precise saber».
Nielsen acrescentou: «Nem eu nem ninguém nas Ilhas Faroé, que tenha conversado com o embaixador chinês, nos sentimos pressionados em nenhum momento».
André Ken Jakobsson, pesquisador do Centro de Estudos Militares da Universidade de Copenhague, disse à DR em 11 de dezembro que acreditava que Pequim continuará a impor tais acordos condicionais no futuro.
«Este [contrato 5G da Huawei] é o melhor exemplo até agora», disse Jakobsson. «Pode ser interminável se tivermos relações comerciais com o regime chinês».
A empresa de tecnologia atraiu maior escrutínio no ano passado por causa de seus vínculos com as agências militares e de inteligência chinesas, o tratamento dispensado a seus funcionários, o suposto roubo de segredos comerciais dos concorrentes e a suposta violação das sanções dos EUA contra o Irã.
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