Ex-diretor da Odebrecht no Peru, Jorge Barata detalhou nesta quinta-feira, durante depoimento prestado a representantes do Ministério Público do país que vieram ao Brasil, reuniões que teria tido com Nadine Heredia, esposa do ex-presidente Ollanta Humala, sobre a licitação do projeto do Gasoduto Sul..
«Dentro das informações fornecidas há detalhes de muitas reuniões. E dentro dessas reuniões há uma série de aspectos ligados às hipóteses de investigação», disse o coordenador da equipe especial do Ministério Público do Peru para a Operação Lava Jato, Rafael Vela.
O promotor participa nesta semana de uma nova rodada de depoimentos de vários ex-diretores da Odebrecht, entre eles Barata, em Curitiba. As conversas fazem parte de um acordo firmado pela empresa com o Ministério Público do Peru.
Depois do interrogatório, Vela disse que as declarações de Barata foram «muito produtivas». No entanto, destacou que há muito trabalho a ser feito pela equipe especial de promotores que investiga o escândalo.
«As informações devem ser avaliadas e alvo de um planejamento estratégico. Recebemos muitas informações sobre o caso do Gasoduto Sul e temos a expectativa de poder seguir progredindo nesta investigação tão importante», explicou o promotor.
Segundo a imprensa peruana, Barata afirmou que Heredia coordenou várias reuniões para favorecer a Odebrecht na licitação do projeto, que previa um investimento de mais de US$ 7 bilhões.
Possíveis irregularidades no processo fizeram o Ministério Público abrir uma investigação contra a ex-primeira-dama do Peru, que é acusada de ter cometido o crime de conluio e negociação incompatível.
Humala e a esposa também são investigados em outros casos de corrupção e acusados de lavagem de dinheiro. Os dois passaram nove meses em prisão preventiva, mas foram libertados em abril do ano passado por decisão do Tribunal Constitucional do Peru.
Vela informou que Barata também deu informações muito detalhadas sobre outros escândalos que envolvem políticos peruanos. No entanto, o promotor não informou os nomes dos envolvidos nos esquemas de corrupção relatados hoje pelo ex-diretor da Odebrecht no Peru.
O Ministério Público do Peru que a empresa conclua nos próximos dois meses a entrega de 2 mil provas documentais. No pacote que será repassado os promotores estão e-mails, registros de transferências bancárias e de outras operações ligadas a importantes figuras do país.
Mais cedo, Barata informou em depoimento que a Odebrecht repassou ilegalmente US$ 1 milhão para a campanha presidencial de Keiko Fujimori em 2011. A líder da oposição, também acusada de corrupção, foi derrotada por Humala no pleito.
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