Em carta aberta divulgada nesta sexta-feira (1º) o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro (MPFRJ) anunciou o afastamento da promotora Carmen Eliza Bastos de Carvalho do caso Marielle.
Carmen Eliza pediu para deixar o caso após ter sua imparcialidade questionada principalmente nas redes sociais. Isso porque a foto em que a promotora aparece vestindo camiseta estampada com o rosto de Bolsonaro durante o período de campanha eleitoral, viralizou na internet.
Em nota, a promotora reforçou que o art. 5º da Constituição da República assegura sua liberdade de expressão e garante a livre manifestação de sua opção política e ideológica.
“A liberdade de expressão deve ser por todos respeitada, pois somente assim podemos afirmar que realmente vivemos em um Estado Democrático de Direito. É igualmente certo que a opção política de cada pessoa, a exemplo de suas ideologias, deve ser exercida no campo próprio, no legítimo exercício da cidadania. O Promotor de Justiça não perde a sua qualidade de cidadão”, enfatiza.
Carmen atua como promotora de Justiça há 25 anos. Nesta semana, após coletiva de imprensa que participou para esclarecer/desmentir a reportagem da Globo que relacionava o nome do presidente à morte de Marielle, ela foi perseguida e tachada de “promotora Bolsonarista”.
Na tentativa de denegrir a imagem de Carmen, o jornalista do Intercept Brasil, Leandro Demori, publicou postagens da promotora no Instagram (a conta é privada) em que ela se diz emocionada pela vitória.
Alguns pedidos de afastamento de Carmen teriam sido feitos ao procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem. No entanto, voluntariamente, ela preferiu deixar o cargo.
“Em razão das lamentáveis tentativas de macular minha atuação séria e imparcial, em verdadeira ofensiva de inspiração subalterna e flagrantemente ideológica, cujos reflexos negativos alcançam o meu ambiente familiar e de trabalho, optei, voluntariamente, por não mais atuar no Caso Marielle e Anderson”.
A promotora também salientou que o fator dominante de sua opção por se afastar do cargo reside no profundo respeito aos pais da vítima, “que já sofrem com a mais dura dor, que é a perda de um filho. Não me permito que a esse sentimento se some qualquer intranquilidade motivada pela condução da ação penal, que se espera exitosa.”, concluiu.
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