Luciano Henrique Ayan se juntou ao Redes Cordiais para ajudar na “construção de uma internet menos poluída”, de acordo com publicação do movimento nas redes sociais.
Em site oficial, o Redes Cordiais descreve-se como um movimento que “inova e sai da bolha, engajando comunicadores digitais no tripé: combate à desinformação; comunicação não-violenta e social media literacy”.
O nome de Ayan (um pseudônimo para Carlos Augusto de Moraes Afonso), ganhou notoriedade quando, em março de 2018 seu site, “Ceticismo Político”, publicara uma notícia que vinculava a ex-vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, ao crime organizado.
Após ser compartilhada nas redes sociais do Movimento Brasil Livre (MBL), a matéria de Ayan ganhou tremenda repercussão na internet. À época, a Polícia Civil abriu inquérito para responsabilizar criminalmente quem propagou os boatos. Como o nome de perfil usado por Carlos Afonso era falso, o Ceticismo Político chegou a ser retirado do ar.
A partir disso, o pseudônimo Luciano Ayan, resolveu revelar sua verdadeira identidade, conforme noticiou o R7 na ocasião. Na mesma matéria, o portal também ressaltou que Carlos Afonso era sócio de um dirigente do MBL.
Já neste ano (2019), em novembro, um dos ex-colaboradores do MBL, Roger Roberto Dias Andre, conhecido como “Roger Scar”, que era editor-chefe do blog Jornalivre, disse que o movimento supostamente orientava ataques na internet e envolveu o nome de Ayan como quem dava a “ordem do dia” sobre quem atacar. A informação foi divulgada pelo UOL:
“Quando o MBL tretava com alguém, por exemplo, o (deputado federal) Rodrigo Maia (DEM-RJ), o Ayan chegava com ‘a ordem do dia’. Naquele dia, ele queria que a gente buscasse qualquer coisa útil para publicar contra o Rodrigo Maia, e não precisava ser nada comprovado. Aí, passava algum tempo, às vezes eram dias ou apenas horas, e o MBL fazia as pazes com o Maia. Então, ele pedia para cessar os ataques”.
Agora, Ayan faz parte de um movimento que luta para que a internet seja um ambiente, digamos, “mais agradável”. O mais curioso é que no mesmo evento, participou a relatora da CPMI das Fake News, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA).
A mesma senadora já apresentou requerimento pedindo a participação de Ayan na CPMI:
Nesta terça-feira (10) a deputada federal Caroline De Toni, durante oitiva de Paulo Marinho na comissão, comentou sobre a participação da relatora no evento do Redes Cordiais, que aconteceu no último dia 5 de dezembro:
“Sabe quem estava [no evento]? um dos convocados pela própria relatora, que é o chamado Carlos Afonso, conhecido como Luciano Ayan. Ela mesma convocou ele [para a comissão] dizendo que ele teria feito fake news com relação à vereadora do Psol [Marielle] e agora participa de eventos sobre fake news com o convocado”, enfatizou ao cobrar de Lídice imparcialidade.
Em resposta, Lídice disse que foi “surpreendida” pela fala de De Toni e afirmou que mesmo com a divulgação dos principais “influenciadores” participantes do evento, ela não se negou a comparecer. “Principalmente porque não costumo deixar de ir a um lugar só porque tem alguém que eu não goste”, afirmou.
A relatora da CPMI das Fake News ainda disse nunca ter visto Ayan pessoalmente e frisou que ele se disse “arrependido de ter participado de ações nas redes, consideradas agressivas às pessoas” e que disse ser “alguém que se afasta do movimento de extrema direita para virar uma pessoa do ‘centro’”.
Além de Lídice da Mata, também foi citada pelo Redes Cordiais a presença da deputada federal pelo PSOL, Sâmia Bonfim, do Senador Randolfe Rodrigues (REDE), do deputado federal Glauber Braga (PSOL), deputado federal Alessandro Molon (PSB) e deputado federal Paulo Ganime (NOVO).
CPMI
Instaurada após requerimento do deputado Alexandre Leite (DEM-SP), a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito é presidida pelo senador Ângelo Coronel (PSD-BA) e relatada pela senadora Lídice da Mata (PSB-BA), e, segundo consta do requerimento, busca, supostamente, “investigar ataques cibernéticos que atentam contra a democracia e o debate público; a utilização de perfis falsos para influenciar os resultados das eleições de 2018; a prática de cyberbullying sobre os usuários mais vulneráveis da rede de computadores, bem como sobre agentes públicos; e o aliciamento e orientação de crianças para o cometimento de crimes de ódio e suicídio” (texto da ementa do requerimento).
No entanto, tudo o que se viu nos trabalhos da CPMI, até agora, foi um show de horrores em que a vítima não é outra senão a liberdade de expressão do cidadão comum, cuja única forma de participação do debate político é por meio das redes sociais, notadamente o WhatsApp, o Facebook e o Twitter.
Tá chegando! Amanhã faremos nossa primeira edição do Redes Cordiais em Brasília e último workshop do ano! Acompanhe a cobertura do dia aqui nas nossas redes. pic.twitter.com/W0cOAW3jQH
— Redes Cordiais (@redescordiais) December 4, 2019
Logo mais participo de workshop do @redescordiais, junto c/@randolfeap @samiabomfim @Glauber_Braga @Sen_Cristovam e companheiros do @psbnacamara @rodrigoagost @JoaoCampos @rigoni_felipe @alessandromolon além do senador @ContaratoSenado e vários influenciadores digitais convidados pic.twitter.com/BkxRQIDx35
— Lídice da Mata (@lidicedamata) December 5, 2019
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