Signatários do acordo nuclear com o Irã decidem não restabelecer sanções

Por EFE
06 de diciembre de 2019 5:05 PM Actualizado: 06 de diciembre de 2019 5:09 PM

Viena, 6 dez – Apesar dos recentes descumprimentos do acordo nuclear firmado em 2015 pelo Irã, França, Alemanha, Reino Unido, China e Rússia decidiram nesta sexta-feira não restabelecer as sanções internacionais aplicadas ao país antes da assinatura do pacto.

O resultado de uma longa reunião em Viena, na Áustria, para discutir a situação foi repassado à Agência Efe pelo porta-voz da delegação chinesa, Fu Cong. O encontro foi organizado para tentar salvar o chamado JCPOA, a sigla do acordo em inglês.

O JCPOA patina desde 2018, quando Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos e retirou o país do acordo. Fora do pacto, a Casa Branca voltou a aplicar uma série de sanções à economia do Irã, que, desde maio, responde com o descumprimento de itens que limitam seu programa nuclear.

Devido às violações, os cinco países que seguem no acordo exigiram que o Irã cumprisse as obrigações previstas no JCPOA. Caso contrário, França, Alemanha e Reino Unido ameaçam ativar um mecanismo que permite o restabelecimento das sanções à economia iraniana. China e Rússia, mais próximas ao governo de Teerã, são contra a medida.

O Irã, por outro lado, pede que os signatários garantam ao país os benefícios econômicos prometidos no acordo nuclear.

O JCPOA limitava o polêmico programa nuclear do Irã em troca de importantes alívios comerciais e a suspensão das sanções internacionais aplicadas ao país.

«Não ativamos o mecanismo de resolução de disputas. Reafirmamos o nosso compromisso de resolver esse assunto dentro da comissão conjunta do JCPOA», disse o porta-voz da delegação da China, citando o órgão criado para analisar periodicamente o acordo.

Cong foi o único delegado que conversou com a imprensa depois da reunião realizada hoje em Viena.

O vice-ministro de Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, que representou o país no encontro, evitou os jornalistas porque teria um encontro com o novo diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o argentino Rafael Grossi. O órgão é o responsável por verificar o cumprimento do JCPOA.

A reunião de hoje foi a primeira realizada desde julho e, apesar das declarações do representante da China, terminou sem acordos concretos entre os países para reduzir as tensões oriundas do aumento da produção de urânio por parte do Irã.

França, Reino Unido e Alemanha denunciaram no início desta semana que o Irã está desenvolvendo mísseis balísticos capazes de transportar ogivas nucleares, atividade que violaria resoluções do Conselho de Segurança da ONU e o próprio JCPOA.

O presidente do Irã, Hassan Rohani, afirmou na quarta-feira que segue disposto a negociar com os Estados Unidos e os demais países signatários do acordo, mas reiterou a condição de só iniciar as discussões depois de a Casa Branca retirar todas as sanções aplicadas à economia iraniana.

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