ONU publica elogios à ditadura cubana e centenas de internautas protestam indignados

Até 12 de julho deste ano foram registrados a morte ou desaparecimento de 7.437 cubanos cujo responsável direto é o regime comunista, embora esse número represente apenas casos documentados

Por Jesús de León
29 de agosto de 2019 9:00 AM Actualizado: 29 de agosto de 2019 9:00 AM

A ONU publicou em 25 de agosto uma mensagem em sua conta oficial no Twitter elogiando as medidas sociais do regime cubano e omitindo suas violações aos direitos humanos, de modo que centenas de usuários da Internet responderam com protestos e denúncias sobre a situação em Cuba.

A mensagem promove as vantagens sociais existentes na ilha como assistência infantil gratuita por 2 anos, 6 meses de licença-maternidade e paternidade remuneradas, mas não menciona a falta de liberdades e democracia, algo que não passou despercebido pelos usuários da Internet.

“Meu nome é Cristian Crespo e não quero ser mais embaixador @UNICEFenEspanol. Razões: UNICEF e ONU são cúmplices no sofrimento de milhões de crianças em Cuba, seus artigos hipócritas e mentirosos escondem a verdade e dão força ao comunismo. Eu cresci em Cuba e tive que fugir”, escreveu este usuário no Twitter.

José Alfredo Guerrero Bautista, colunista da mídia dominicana Acento Diario, classificou o tweet da ONU como propaganda a favor do regime cubano.

«Propaganda. É como elogiar o dono de uma plantação [que utiliza] escravos negros por colocar grades de ferro ecológicas, [que] permitem que entre mais ar no barracão onde dormem a fim de proporcionar um sono reparador e curar mais rapidamente [as] costas [que] receberam chicotadas”.

O deputado e presidente da Comissão de Defesa do Congresso dos Deputados da Espanha, Juan Carlos Girauta, perguntou no Twitter de maneira irônica: “A ONU ganha prestígio com muito esforço. Cuba como exemplo. Você já se perguntou o que «remunerado» significa em um país comunista?»

O deputado se referia ao baixíssimo salário que os trabalhadores recebem em Cuba e que, segundo o Escritório Nacional de Estatística e Informação de Cuba, até 2018 era de cerca de US$ 30 por mês, embora recentemente o regime tenha dito que aumentaria o salário médio para US$ 42.

O diretor da Área de Treinamento da Fundação Cuide Chile, Camilo Cammás, também expressou sua insatisfação ao dizer: “A ONU se supera a cada dia. Parem de se intrometer nas políticas dos países.”

Outros internautas mostraram que a realidade está longe do que a ONU promove sobre o regime cubano, por exemplo, no caso das creches.

Um internauta compartilhou um link de um artigo que menciona que 80% das creches da ilha são particulares e que os cubanos as pagam com remessas de dinheiro enviadas por seus parentes que deixaram o suposto “paraíso” comunista que é Cuba.

Professora de jardim de infância da creche “Elpidio Valdez”, no bairro de Vedado, em Havana (ADALBERTO ROQUE / AFP / Getty Images)
Professora de jardim de infância da creche “Elpidio Valdez”, no bairro de Vedado, em Havana (ADALBERTO ROQUE / AFP / Getty Images)

Segundo a mídia Islalocal.com, os berçários do regime cubano têm uma capacidade de inscrição bem abaixo da demanda, cobrindo apenas 20% das necessidades, segundo a própria ministra da Educação Ena Elsa Velázquez, conforme revela a fonte.

Direitos humanos na ilha

Polícia cubana prende um manifestante em Havana em 11 de maio de 2019 (YAMIL LAGE / AFP / Getty Images)
Polícia cubana prende um manifestante em Havana em 11 de maio de 2019 (YAMIL LAGE / AFP / Getty Images)

O regime comunista de Cuba é conhecido por reprimir e negar os direitos dos cubanos.

Por exemplo, apenas alguns dias atrás, o governo dos Estados Unidos condenou veementemente as acusações do regime contra o jornalista independente Roberto Quiñones.

Na opinião do governo americano, «infelizmente esse é outro exemplo da violação contínua por parte do regime cubano dos direitos humanos, incluindo os direitos à liberdade de expressão e às garantias de um julgamento justo».

Pompeo disse que eles continuarão a impor sanções e restrições ao comércio para cortar os recursos do regime cubano, «que usa desses recursos para reprimir seu próprio povo e promover o regime de (Nicolás) Maduro na Venezuela».

Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, em 20 de agosto de 2019 nas Nações Unidas em Nova Iorque (JOHANNES EISELE / AFP / Getty Images)
Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, em 20 de agosto de 2019 nas Nações Unidas em Nova Iorque (JOHANNES EISELE / AFP / Getty Images)

María Werlau, fundadora e diretora do Archivo Cuba, foi entrevistada pela mídia cubana CiberCuba sobre o número de mortos ou desaparecidos no país sob o regime de Castro.

Até 12 de julho deste ano foram registrados a morte ou desaparecimento de 7.437 cubanos cujo responsável direto é o regime comunista, embora esse número represente apenas casos documentados, o que não leva em conta, por exemplo, as estimativas de dezenas de milhares que morreram ou sumiram ao tentar deixar Cuba para fugir do regime.

“Para isso existe a ONU, para celebrar as ditaduras comunistas e seu sistema de doutrinação, mas nada me surpreende porque todos os seus líderes passaram por Cuba e deixaram o país dizendo que o regime é um exemplo para a região. Que vergonha, @antonioguterres”, escreveu no Twitter o ativista cubano defensor dos Direitos Humanos, Félix Llerena Cuba.

Qual é o papel do UNICEF em Cuba?

Segundo o site oficial dessa organização, seu objetivo em Cuba é acompanhar o regime cubano na implementação de suas prioridades de desenvolvimento voltadas à promoção da equidade, a fim de alcançar um mundo apropriado para crianças e adolescentes.

O tweet compartilhado pela ONU vincula-se a uma nota publicada em junho que não fala nada sobre toda a miséria, opressão e as várias deficiências experimentadas em Cuba por causa da ditadura comunista, mas promove as políticas do regime para o família, onde, de acordo com os elogios da ONU, «os casais rompem com as normas de gênero ao compartilhar as responsabilidades domésticas».

Segundo o mesmo artigo, o Ministério da Educação de Cuba e o Ministério da Saúde são ajudados pelo UNICEF a alcançar uma paternidade que eles chamam de igualitária.

Não é a primeira vez que a ONU reconhece o trabalho do regime na imposição da ideologia de gênero.

Em 2016, a ONU recompensou a filha de Raúl Castro por defender os direitos da comunidade LGBTI e dos homossexuais em Cuba.

O Centro Nacional de Educação Sexual (CENESEX) de Cuba e sua diretora, a sexóloga Mariela Castro, (filha de Raúl Castro), receberam em 2016 o prêmio “Junte-se ao compromisso com a igualdade e a não-violência de gênero”, concedido pela ONU.

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